Barbosa afirma que foco continua a ser o reequilíbrio fiscal
O novo ministro da Fazenda mostrou na primeira entrevista coletiva que não vai permitir a expansão de gastos quando assumir o cargo
atualizado
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Indicado nesta sexta-feira (18/12), ao Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa iniciou coletiva de imprensa no Palácio do Planalto afirmando diversas vezes a importância do equilíbrio fiscal. Tido praticamente como um mantra de Joaquim Levy, o ajuste fiscal é o ponto que gera receito no mercado com a substituição dos ministros, já que Barbosa tem perfil desenvolvimentista.
Em sua apresentação, Barbosa tentou mostrar que não vai permitir a expansão de gastos quando assumir a Fazenda. “O foco continua a ser o reequilíbrio fiscal. Somente com estabilidade fiscal vamos ter um crescimento sustentável”, disse. “A estabilidade fiscal contribui para a redução da inflação”, ressaltou, ao afirmar que o governo está empenhado nesse sentido. Segundo Barbosa, o governo já vinha adotando iniciativas de controle e despesa e reformas estruturais.
O novo ministro da Fazenda vai deixar o Planejamento sob o comando do atual ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU), Valdir Simão. “O Planejamento está em boas mãos com o Simão”, disse.
De acordo com Barbosa, o País está em fase de transição da economia, “uma fase de ajustes, de construção das bases para um novo ciclo de crescimento”. “Essa construção passa primeiramente por um esforço de reequilíbrio fiscal”, ressaltou.
Reformas
Em sua primeira entrevista Barbosa, rebateu o ex-ministro Joaquim Levy ao dizer que neste ano foram feitas importantes reformas. Barbosa citou o endurecimento das regras para ter acesso aos benefícios trabalhistas e previdenciários, o Plano de Proteção ao Emprego (PPE) e a possibilidade de acordos de leniência com empresas investigadas em esquemas de corrupção como exemplos de “reformas” que foram feitas em 2015.
Em entrevista ontem à noite ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, Levy afirmou que “o governo parece ter medo de reformas”. Barbosa, porém, disse, assim que foi indicado para o cargo, que “há várias iniciativas em andamento”.
Ele admitiu, porém, que é preciso avançar mais nas reformas estruturais de longo prazo, a partir do controle dos gastos obrigatórios. “Avançamos no controle de gastos discricionários. Precisamos avançar mais nos gastos obrigatórios”, afirmou.
Ele citou que a principal dessas reformas é a da Previdência, cujos gastos consomem 47% do orçamento. Segundo Barbosa, o governo está construindo uma reforma da Previdência a partir da chamada fórmula 85/95 pontos (soma da idade mais o tempo de contribuição).
As reformas são necessárias, segundo o ministro, para estabilizar e diminuir a dívida pública, o que ajudaria o combate à inflação. Barbosa disse também que estão sendo estudadas medidas para melhorar o ambiente de negócios e aprimorar o funcionamento do mercado. “A economia brasileira tem expertise para superar os desafios. Se cada um fizer sua parte, vamos conseguir superar os desafios de hoje mais rapidamente que as pessoas esperam”, completou.
Variação cambial
Barbosa comentou ainda a atual situação cambial do País e disse que a depreciação do real foi gerada por fatores externos e internos. Ele ponderou que, apesar da variação cambial ter impacto sobre inflação, ela promove aumento da competitividade. “O comércio exterior já está contribuindo para recuperação da economia brasileira”, disse, ressaltando que o saldo comercial este ano deve ficar acima de US$ 15 bilhões.
Barbosa afirmou que o desafio é promover estabilização e recuperação do investimento e transformar oportunidades em renda “Esse é o compromisso”, disse.
O novo ministro da Fazenda disse ainda que o governo vai continuar trabalhando pelo reequilíbrio fiscal e também para controlar a inflação e pela retomada do crescimento. “Isso envolve aprovação de iniciativas no congresso nacional”, disse.