Banco Central mantém taxa básica de juros em 13,75% ao ano
Selic segue no maior nível desde janeiro de 2017; é a terceira reunião consecutiva em que o Copom não altera a taxa básica de juros
atualizado
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter os juros básicos da economia brasileira (Selic) em 13,75% ao ano. O anúncio aconteceu no início da noite desta quarta-feira (7/12) e não surpreendeu o mercado, que já esperava a manutenção da taxa.
No comunicado que acompanhou a decisão de hoje, os diretores do BC apontaram para fatores que podem influenciar positiva ou negativamente a inflação ao longo dos próximos meses. Como a inflação é o principal norte para a política de juros, esses riscos serão monitorados e considerados nas próximas decisões para a Selic.
Entre os fatores que podem ajudar na redução dos preços está a queda da cotação de commodities (como petróleo e alimentos) no mercado externo, a prorrogação da vigência das isenções do ICMS sobre os combustíveis para 2023 e a desaceleração do crescimento da economia global.
Por outro lado, alguns aspectos preocupam a autoridade monetária, pois podem causar um repique inflacionário. O BC elenca, por exemplo, a persistência de choques inflacionários em países desenvolvidos e a “a elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal” no Brasil.
“O Comitê acompanhará com especial atenção os desenvolvimentos futuros da política fiscal e, em particular, seus efeitos nos preços de ativos e expectativas de inflação, com potenciais impactos sobre a dinâmica da inflação prospectiva”, diz a nota do BC.
Em comunicado após a última reunião, em outubro, o Copom havia informado que manteria a Selic nesse patamar pelo tempo necessário para segurar a inflação, em meio a incertezas sobre a economia do país.
A Selic segue no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava em 13,75% ao ano. É a terceira reunião consecutiva em que o Copom não altera a taxa de juros – que permanece nesse nível desde agosto.
No entanto, os diretores do BC alertaram, no comunicado desta quarta-feira, que os juros poderão voltar a subir no ano que vem, caso os riscos de um aumento de inflação se concretizem.
“O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, diz o documento.
Antes de os juros chegarem a 13,75% ao ano, o Copom havia elevado a Selic 12 vezes seguidas, em um ciclo que teve início em março de 2021, em meio à alta nos preços de alimentos, energia e combustíveis.
Inflação
Em outubro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, teve alta de 0,59%, interrompendo uma trajetória de três meses consecutivos de deflação. A inflação acumulada nos últimos 12 meses até outubro é de 6,47%. No acumulado do ano, chega a 4,7%.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. A Selic é utilizada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia.
Quando o Copom aumenta os juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, o que reflete nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Assim, taxas mais altas também podem conter a atividade econômica.
Ao reduzir a Selic, a tendência é a de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
Reunião do Copom
O Copom se reúne a cada 45 dias. No primeiro dia de reuniões, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas da economia no Brasil e no mundo, além do comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do comitê definem a taxa Selic.
A reunião desta semana foi a última do Copom durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). O próximo encontro do comitê ocorrerá já sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).