Banco Central mantém projeção do PIB de 2022 em 1%
Relatório de Inflação manteve a mesma estimativa de dezembro do ano passado. Documento cita efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia
atualizado
Compartilhar notícia
O Banco Central (BC) manteve a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2022 em 1%, mesmo patamar estimado em dezembro passado. A informação consta no Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira (24/3) pelo órgão.
O BC cita resultado positivo do PIB brasileiro no último trimestre de 2021 e afirma que é esperada recuperação da economia em fevereiro e março com a melhora da pandemia. “A surpresa observada no PIB do quarto trimestre e o resultado esperado para o primeiro trimestre favorecem a projeção de crescimento no ano”, diz o relatório.
Apesar disso, o Banco Central fala em preocupações com a guerra na Ucrânia e indica que esse fator deve impulsionar o aumento da inflação e gerar impacto negativo sobre a atividade econômica no curto prazo.
“O conflito armado aumentou a aversão global ao risco, elevando, consequentemente, os prêmios embutidos nos preços dos ativos financeiros, e deve impactar severamente a economia russa e seus principais parceiros comerciais.”
Para o BC, o cenário no Leste Europa traz pressão adicional aos preços das commodities, como trigo, milho,
petróleo, gás natural.
A estimativa do BC está entre as projeções do Ministério da Economia e do Boletim Focus, que ouve semanalmente agentes do mercado. O governo federal prevê expansão de 1,5% para o PIB este ano, enquanto o mercado, segundo o Focus desta semana, espera que a economia cresça 0,5% em 2022.
Na quarta-feira (23/3), o presidente Jair Bolsonaro (PL) justificou a necessidade de controle da inflação para afirmar que o Brasil não deve crescer acima de 4% em 2022, como ocorreu no ano passado.
PIB do Brasil cresce 4,6% em 2021 e supera perdas da pandemia
O Produto Interno Bruto (PIB) do país encerrou o ano de 2021 com crescimento de 4,6%, totalizando R$ 8,7 trilhões. Esse avanço recuperou as perdas de 2020, quando a economia brasileira encolheu 3,9% devido à pandemia da Covid-19. Inicialmente, a queda divulgada havia sido de 4,1%, mas em dezembro do ano passado o IBGE revisou o dado para 3,9%.
Inflação deve estourar teto da meta
A projeção do mercado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação, ao fim de 2022 é de 6,59%.
A meta de inflação perseguida pelo Banco Central este ano é de 3,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, podendo variar entre 5% e 2%. Caso se confirme a estimativa do mercado, a inflação deve ficar fora do intervalo pelo segundo ano seguido.