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Balança comercial tem superávit de US$ 850 milhões na terceira semana de dezembro

Dólar caro e redução nas compras de itens importados ajudam a explicar a dinâmica dos números. Economistas dizem que o fenômeno representa um fôlego, ainda que modesto, na combalida economia nacional

atualizado

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Crise, recessão, desemprego, inflação, falta de dinheiro, contas atrasadas. O vocabulário do brasileiro voltou a incluir palavras que soavam como se fossem de outros idiomas nos anos de estabilização econômica e de crédito abundante no mercado, que impulsionaram a ascensão da classe C e o boom imobiliário. Se 2014 e 2015 fizeram os brasileiros relembrarem tempos menos abundantes, parece existir ao menos um ponto luminoso nesse mar de falta de perspectiva: as vendas para o mercado externo.

A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 850 milhões na terceira semana de dezembro. De acordo com dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), o valor é resultado de exportações que somaram US$ 3,595 bilhões no período, e de importações de US$ 2,745 bilhões.

Em dezembro, o superávit acumulado é de US$ 3,219 bilhões. Dessa forma, o resultado no ano chegou a US$ 16,66 bilhões, acima da previsão do governo, que esperava saldo comercial de US$ 15 bilhões neste ano.

Na terceira semana de dezembro, a média diária das exportações caiu 11,3% em relação à segunda semana (de US$ 810,7 milhões para US$ 719 milhões), puxada pela queda nas vendas de produtos básicos (-26,7%) e semimanufaturados (-22,6%). Por outro lado, houve aumento de 12,5% nas exportações de manufaturados nessa comparação.

Já a média diária das importações ficou 0,3% acima da segunda semana do mês (de US$ 547,5 milhões para US$ 549,1 milhões), principalmente pelo aumento nas compras de químicos orgânicos e inorgânicos, adubos e fertilizantes, farmacêuticos e siderúrgicos.

Para o economista Roberto Bocaccio Piscitelli, essa notícia sem dúvida é uma luz no fim do túnel. Segundo ele, o câmbio mais próximo dos R$ 4 torna as exportações mais competitivas e as importações mais proibitivas. “Essa notícia revigora a produção nos setores exportadores que, antes, tinham sido quase marginalizados”, explica. No entanto, Piscitelli esclarece que a situação poderia estar melhor se o preço das commodities estivesse favorável.

Já para o economista Roberto Ellery, da Universidade de Brasília (UnB), o superávit comercial não é necessariamente bom ou ruim, mas um reflexo da crise. “O momento que passamos contribui para a redução intensa na demanda interna. E os produtos importados, que costumam ser mais caros, acabam sendo os primeiros a serem cortados das listas de compras. Há também influência do câmbio, que desestimula a importação atualmente.”

Mês
Em dezembro, até a terceira semana, a média diária das exportações (US$ 778 milhões) ficou 2,1% abaixo da média diária de dezembro de 2014 (US$ 795 milhões). Reflexo de queda nos embarques de semimanufaturados (-3,7%) – com destaque para ferro fundido, ouro em forma semimanufaturada, couros e peles e madeira serrada – e básicos (-7,8%) – principalmente minério de ferro, café em grão, petróleo em bruto, carne bovina e de frango Já em manufaturados houve aumento de 5,9%, com vendas maiores de tubos flexíveis de ferro e aço, motores e geradores elétricos, etanol, tratores, automóveis de passageiros e aviões

Em relação à média diária de novembro de 2015, houve aumento de 12,7%, nas três categorias: básicos (9,1%), semimanufaturados (9,2%) e manufaturados (19%).

Já nas importações, a média diária até a terceira semana de dezembro, de US$ 548 milhões, foi 29,9% abaixo da média de dezembro do ano passado (US$ 781,5 milhões), movimento que vem ocorrendo ao longo do ano. Houve queda nos gastos com combustíveis e lubrificantes (-61,2%), veículos automóveis e partes (-38,6%), equipamentos elétricos e eletrônicos (-38%), produtos plásticos (-30%), equipamentos mecânicos (-27,7%). Em relação a novembro de 2015, houve retração de 13,1%. Com informações da Agência Estado

 

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