Balança comercial tem superávit de US$ 1,7 bi na 2ª semana do mês
Números fazem referência a abril. Dados foram divulgados nessa segunda-feira pelo Ministério da Economia
atualizado
Compartilhar notícia
A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 1,715 bilhão na segunda semana de abril em meio à crise causada pela pandemia do novo coronavírus. O número foi divulgado nessa segunda-feira (13/04) pelo Ministério da Economia.
O saldo positivo é resultado das exportações no valor de US$ 3,829 bilhões e importações de US$ 2,115 bilhões no mesmo período. Além disso, o produto brasileiro está mais barato no exterior devido às sucessivas altas do dólar. Nessa segunda-feira (13/04), a moeda norte-americana fechou o dia cotada a R$ 5,18, em alta de 1,72%.
De acordo com o governo, houve crescimento vertiginoso das vendas externas do setor agropecuário no começo deste mês (+71,1%), e queda de 12,5% nas vendas da indústria extrativa e de 17,2% em produtos da indústria de transformação.
“Com a pandemia, as importações estão muito restritas porque não tem ninguém para comprar”, explica Newton Marques, professor de finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB). “Por outro lado, têm países que precisam de produtos que o Brasil produz, o que explica a alta do setor agropecuário.”
Acumulado do ano
De janeiro até a segunda semana de abril de 2020, a balança comercial registrou superávit de US$ 8.072 milhões. No mesmo período de 2019, o acumulado do ano foi de US$ 12.718 milhões.
Apesar de positivo, o professor explica que o resultado da balança comercial é sazonal, ou seja, tem efeito das estações do ano, e que o contexto econômico dos dois períodos tem grande influência do novo coronavírus, visto que no ano passado o mundo não vivia uma realidade pandêmica.
Relação comercial Brasil x China
No comércio exterior do Brasil, a China ocupa o primeiro lugar como destinatário das exportações brasileiras e também o primeiro lugar entre os países que mais vendem para o mercado brasileiro. Isso não mudou mesmo após o início da pandemia do coronavírus e da troca de ataques entre autoridades próximas ao presidente da República, Jair Bolsonaro, como o seu filho Eduardo e o ministro da Educação, Abraham Weintraub, e os chineses.
Em março, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) culpou a China pelo coronavírus, o que gerou uma crise diplomática. A resposta foi imediata: o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, afirmou que “a parte chinesa repudia veementemente as palavras do deputado, e exige que as retire imediatamente e peça uma desculpa ao povo chinês”.
A embaixada chinesa afirmou que “tais declarações são completamente absurdas e desprezíveis, que têm cunho fortemente racista, tendo causado influências negativas no desenvolvimento saudável nas relações China-Brasil”.
O embate, porém, não impactou o ranking de maiores compradores do Brasil. A China manteve a liderança, seguida por Estados Unidos e Argentina.
Apesar disso, para o professor de finanças públicas da UnB, o fato de a China estar aos poucos regularizando a atividade econômica, após o impacto causado pela Covid-19, vai influenciar na relação comercial com o Brasil.
“A China compra muito do Brasil: soja, carne de gado… Isso permite que o Brasil aumente a exportação. Por outro lado, o Brasil também compra muito da China produtos manufaturados. Então, a China é um bom parceiro comercial”, disse.