Balança comercial tem superávit de R$ 42,8 bi em julho, o maior da história
O recorde anterior era de maio de 2017, com R$ 41 bilhões. Dados foram apresentados nessa segunda-feira pelo Ministério da Economia
atualizado
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A balança comercial brasileira, que mede a diferença entre exportações e importações do país, registrou em julho deste ano o maior superávit para o mês desde 1989, quando se iniciou a série histórica disponibilizada pelo Ministério da Economia.
No total, julho teve um saldo positivo de US$ 8,1 bilhões, o que equivale a mais de R$ 42,8 bilhões na cotação atual. O recorde anterior era de maio de 2017, com US$ 7,7 bilhões (R$ 41 bilhões). Os dados foram divulgados nessa segunda-feira (3/8).
Na prática, isso significa que o Brasil exportou produtos nacionais com mais intensidade do que importou, por isso o saldo ficou positivo. No entanto, em números globais, os dois fatores (exportações e importações) registraram queda em julho deste ano.
Segundo dados do Ministério da Economia, o superávit resultou de exportações no valor de US$ 19,6 bilhões (queda de 2,9% em comparação com julho do ano passado) e importações de US$ 11,5 bilhões (tombo de 35% em comparação com julho do ano passado).
“Este ano teve dados bastante distorcidos pois a logística mundial foi afetada pela pandemia. Por isso, houve acúmulo de registro de exportações”, explica o estrategista-chefe do banco Ourinvest, Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil.
“A isto se junta a safra recorde do Brasil, que tem suas maiores saídas de maio a setembro”, complementa o especialista.
Apesar de ter sido registrado um aumento no volume de produtos vendidos, houve, na contramão, queda nos preços. Os destaques em quantidades foram os crescimentos dos embarques da indústria extrativa mineral (+41%) e da agropecuária (+21%).
Retomada e pós-crise
Para o economista Ciro de Almeida, da G2W Investimentos, os números revelam que o Brasil está participando da retomada da atividade econômica em todo o mundo, principalmente em regiões mais afetadas pelo novo coronavírus, como Ásia e Europa.
Ele critica, no entanto, a queda no valor das importações. “Isso demonstra que o país não está fazendo o dever de casa, porque a importação sofreu um tombo muito forte, o que afetou a diretamente a economia real”, diz.
“Mas continua participando por outro lado, impulsionado pelo agronegócio, dessa retomada do crescimento ao longo dos principais países que passaram pelas piores fases da Covid-19”, complementa o especialista, ao destacar o resultado positivo do agronegócio.