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Aumento da dívida pública: como pode impactar o bolso e os investimentos?

Especialista aponta que a situação pode virar uma “bola de neve”, com o alto índice dos preços e da inadimplência

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Corretores em frente a telas com desempenho de ações
1 de 1 Corretores em frente a telas com desempenho de ações - Foto: Wikipedia Commons/Divulgação

A dívida pública brasileira vem subindo desde janeiro, mas acelerou a partir de março, já com os primeiros impactos da crise da Covid-19 na economia. O país registrou o décimo crescimento mensal seguido em outubro e atingiu 90,7% do PIB. De acordo com o Banco Central, a relação dívida/PIB é a maior da série histórica do BC iniciada em dezembro de 2006. Mas como que esse endividamento pode afetar o bolso do brasileiro e quem sabe até os investimentos?

Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, explica: “Se você tem um endividamento estratosférico no seu país — ou qualquer demonstração demonstração de uma fragilidade fiscal — o mundo todo vai identificar uma tendência de mau pagador. Ou seja, o mercado exterior não vai ter uma aceitação tão grande a cerca dos papéis que você está emitindo e o dólar inevitavelmente vai subir.  Quando isso acontece, os produtos importados inflacionam e isso vai cair no bolso do brasileiro, como aquele arroz mais caro”.

Na verdade, a situação vira uma “bola de neve”. Franchini também explica que, se a dívida pública aumentar ainda mais, vários cenários serão inviabilizados. “Por exemplo: haverá uma diminuição no crédito; poucos empregos e mais desempregados; também terá um baque na construção civil, já que é um setor que demanda muita mão de obra e aquisição de bens; produtos mais caros; e menos dinheiro nas mãos das pessoas”.

O impacto também poderá ser visto no supermercado, como na alta do valor do trigo (e seus derivados), soja (rações que alimentam frango e porco) e o milho (ração para o frango), afinal esses alimentos são negociados no mercado internacional e a desvalorização do real acaba encarecendo os preços no mercado doméstico.

E os investimentos?

Caso você seja também um investidor, saiba onde aplicar o dinheiro neste momento. “O primeiro ponto é fazer um investimento pós-fixado, isso significa que quando o juros subir, você vai pegar essa alta. Se eventualmente o Brasil entrar nessa linha de risco fiscal e não cumprir o teto de gasto, outra sugestão é que você compre títulos com um prazo médio, aqui não seria interessante comprar papeis tão longos assim”, diz Franchini.

A terceira dica apresentada pelo sócio da Monte Bravo é: “Começar a olhar o mercado externo com outros olhos, investir em moedas e papéis estrangeiros”.

Possíveis Opções de Investimentos para Proteger o capital:

– Fundos cambiais
– Minicontratos de dólar futuro
– Ativos em bolsa (ETFs)

É o caso Bruno Meirelles, de 35 anos, paulista e investidor: “Eu comecei a investir em renda variável no meio do ano passado. Coloquei pouca coisa em dinheiro, para ir aprendendo mesmo. Nessa época eu comprava ações na Bovespa. Em março, fui pego no meio do tsunami da pandemia, que derrubou todo o mercado, e acabei tomando um susto com a queda brusca nos números. Ninguém estava preparado para isso”.

“Nesse meio tempo, eu vi que a Bovespa estava abrindo a possibilidade de investir em ações de fora, por meio das BDRs. Desde então passei a aplicar em BDRs”, acrescenta Meirelles.

Meirelles ainda conta que a sua estratégia é buscar investir em empresas da área de tecnologia: “Estão se saindo melhor nessa crise e há poucas opções de investimento aqui no Brasil. Recentemente também adquiri ações de uma farmacêutica apostando no sucesso da vacina”.

Sobre os riscos, o investidor considera que são parecidos com os de se investir aqui no país. “Você tem que estar atento ao desempenho da empresa e também ao contexto do mercado. No momento acho menos arriscado investir fora, vejo o Brasil com perspectivas piores na economia do que os EUA“.

Porém outro risco que Meirelles chama atenção é para o câmbio. “É preciso estar atento a isso também”, finaliza.

A administradora de empresas Amanda Valente, de 37 anos, também segue na mesma linha. Ela começou a investir em abril deste ano e desde então vem adquirindo papéis internacionais. “A minha primeira experiência foi em compras de ações da Nike”. A paulista trabalha na empresa esportiva e acompanha de perto a movimentação.

“Quando você compra papéis em bolsa americana você ganha em dobro, ganha a valorização das ações e a valorização do cambio, com a Nike foi exatamente assim”. Ela disse que também acabou descobrindo uma forma de se proteger quando há uma instabilidade aqui no Brasil: “Lembro quando chegou em outubro, eu tinha esse investimento lá fora que estava contrapondo”.

Amanda é uma investidora que não gosta de riscos altos e afirma que é muito importante ter a carteira bem diversificada. Outra dica que ela dá é aplicar dinheiro em COE, um tipo de investimento que mescla elementos de Renda Fixa e Variável.

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