Após trégua entre Bolsonaro e Maia, dólar cai a R$ 3,91
Nesta quinta-feira (28/3), a moeda americana superou o patamar de R$ 4,00 no mercado à vista
atualizado
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O dólar começou esta quinta-feira (28/3) superando o patamar de R$ 4,00 no mercado à vista, sinalizando que o dia poderia ser tenso novamente no mercado de câmbio. Mas o arrefecimento dos ânimos entre Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o mercado externo mais calmo ajudaram a acalmar o nervosismo no mercado e os investidores aproveitaram para fazer um movimento de ajuste após as fortes altas da véspera, desfazendo posições compradas.
Além disso, o Banco Central injetou US$ 1 bilhão no mercado. Na parte da tarde, a expectativa pelo anúncio do relator da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ajudou a ampliar o ritmo de queda do dólar. O escolhido foi o delegado Marcelo Freitas (PSL-MG). Com isso, a moeda americana fechou em queda de 0,96%, a R$ 3,9165.
O real foi a moeda que mais ganhou valor nesta quinta-feira perante o dólar em uma lista de 33 divisas. Nos últimos dois dias, ao contrário, o real havia sido uma das divisas mais enfraquecidas. Mais cedo, Bolsonaro declarou que o episódio dele com Maia foi uma “chuva de verão” e que a reforma da Previdência é “importante para o Brasil”. Na parte da tarde, o ministro da Economia, Paulo Guedes, que almoçou com Maia, declarou que a reforma vai “deslanchar”.
O diretor de tesouraria de um banco ressalta que essas falas reduziram nas mesas de câmbio a sensação de que o Congresso fosse entrar guerra com Planalto, em meio à relutância de Bolsonaro em dialogar com o Congresso.
Ao mesmo tempo, esse executivo lembra que Bolsonaro tem tentado governar de uma forma diferente de seus antecessores, sem tentar montar uma base de coalização entre os parlamentares, o que só contribui para aumentar a incerteza no mercado e do próprio Congresso. “Os recentes ruídos políticos aumentaram as preocupações sobre a governabilidade”, ressaltam os estrategistas do Bank of America Merrill Lynch. Uma das consequências pode ser o atraso e/ou diluição da reforma da Previdência, completam eles, ressaltando que segue “cautelosamente” otimistas com o real, que pode se fortalecer com a aprovação da reforma.
“O presidente Jair Bolsonaro ainda precisa mostrar que saberá lidar com um Congresso altamente fragmentado para conseguir resolver os desafios fiscais do País”, disse o diretor sênior da agência de classificação de risco S&P José Pérez Gorozpe.
O diretor de um banco estrangeiro lembra que, apesar da trégua desta quinta, as coisas continuam não resolvidas: o governo segue sem base no Congresso e a proposta de reforma da Previdência dos militares, que desagradou por ser considerada tímida, segue na Casa para ser avaliada. Para ele, os movimentos no mercado só não foram mais intensos nos últimos dias porque os fundos estão menos alavancados que em outros momentos e não houve aportes intensos de estrangeiros este ano no mercado local