Após polêmica entre Salles e Mourão, Meio Ambiente perderá recursos em 2021
Ministério comandado por Ricardo Salles sofrerá corte de 4,57%: de R$ 3,085 bilhões em 2020, cairá para R$ 2,944 bilhões em 2021
atualizado
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Alvo de polêmica na última semana exatamente por conta da possibilidade de falta de recursos federais, o Ministério do Meio Ambiente é uma das pastas que sofrerão cortes em 2021, de acordo com o Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) apresentado nesta segunda-feira (31/8) e enviado pelo governo Bolsonaro ao Congresso Nacional.
Na contramão do que ocorreu com as pastas da Comunicações, da Defesa, da Cidadania e da Educação, que terão seus caixas reforçados no ano que vem, o ministério comandado por Ricardo Salles sofrerá corte de 4,57%: de R$ 3,085 bilhões em 2020, cairá para R$ 2,944 bilhões em 2021, segundo a PLOA.
A “escassez” de dinheiro para o meio ambiente colocou em lados opostos Salles e o vice-presidente da República, Hamilton Mourão. O ministro chegou a anunciar que, a partir desta segunda, as operações contra o desmatamento ilegal na Amazônia e a queimadas no Pantanal estariam suspensas – no que depois recuou.
Salles argumentou que os bloqueios de R$ 20,9 milhões do Ibama e R$ 39,7 milhões do ICMBio, informado pela Secretaria de Orçamento Federal (SOF) do Ministério da Economia, inviabilizariam as ações da sua pasta.
“Ministro se precipitou”
Presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, Mourão reagiu de bate-pronto: “O ministro se precipitou, pô“. Segundo o vice, o ministro “não agiu da melhor forma” ao anunciar o bloqueio de recursos e suspensão de operações.
Segundo Mourão, não haverá qualquer bloqueio de R$ 60 milhões no orçamento ligado ao combate ao desmatamento e queimadas.
“O ministro teve uma precipitação aí e não vai ser isso que vai acontecer, não vai [sic] ser bloqueado os R$ 60 milhões aí, entre Ibama e ICMBio, que são exatamente do combate ao desmatamento e a queimada ligada á área do ministério”, disse Mourão a jornalistas.
Brasil monitorado
O corte na rubrica do meio ambiente se dá no momento em que o Brasil é monitorado por entidades ambientais de todo o mundo e também por investidores, que condicionam trazer recursos ao país a uma maior atenção em questões nessa área. No entanto, o cenário que se vê é exatamente o contrário.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que neste ano já há uma alta de 34% no desmatamento da Amazônia, se comparados os períodos de agosto de 2018 a julho de 2019 e agosto de 2019 a julho de 2020.
No Pantanal, ainda segundo o Inpe, até este mês de agosto houve alta de 242% no número de focos de incêndio em comparação com o mesmo período do ano anterior. De janeiro a julho deste ano, foram registrados 4.218 focos de incêndio em todo o Pantanal. Nos mesmos meses em 2019, foram 1.475 registros.