Após 1 ano e 4 meses, BC reduz taxa básica de juros de 6,5% para 6%
Especialistas do mercado financeiro esperavam redução, devido ao momento ruim da economia, mas de 0,25 ponto percentual
atualizado
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Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu nesta quarta-feira (31/07/2019) a taxa básica de juros da economia, a Selic, de 6,5% para 6% ao ano. Esse é o menor percentual desde 1986.
De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018. Desde então, a taxa não tinha sido alterada.
Segundo a última pesquisa do BC ao mercado financeiro, a expectativa era de que o Copom iniciasse um ciclo de cortes na Selic, em momento de economia fraca. A previsão do mercado era que a taxa sofresse cortes de 0,25 ponto percentual nesta semana e nas próximas três reunião (setembro, outubro e dezembro).
A taxa básica de juros é o principal instrumento do banco para alcançar a meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Neste ano, a meta é 4,25%, com intervalo de tolerância entre 2,75% e 5,75%.
Crédito mais barato
Para o mercado, a inflação calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ficar abaixo do centro da meta, em 3,78%. Para 2020, a previsão também está abaixo da meta (4%), em 3,9%. Ao reduzir os juros básicos, a tendência é diminuir os custos do crédito e incentivar a produção e o consumo.
A redução da taxa Selic estimula a economia. Isso porque juros menores barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade econômica. No último Relatório de Inflação, o BC projetava expansão da economia de 0,8% para este ano. A expectativa está em linha com as do mercado.
Usada em negociações de títulos públicos, a taxa básica de juros serve de referência para os demais índices de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o BC segura o excesso de demanda que pressiona os preços, pois juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
“Dilmo de calças”
Nesta manhã, antes da decisão do Copom, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), declarou que não interviria no Banco Central porque não era “o Dilmo de calças compridas”, em alusão à ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Mas disse que torcia pela redução da taxa básica de juros. “Cada 1% da taxa Selic são R$ 40 bilhões a mais que a gente gasta por ano. A gente torce, pô. Eu não vou influenciar lá”, comentou.