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Apesar de divergências, Centrão defende permanência de Guedes

O apoio ao ministro da Economia não significa, contudo, que ele esteja bem avaliado pela base do governo no Congresso

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Coletiva de imprensa, ministro da Economia, Paulo Guedes e presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira
1 de 1 Coletiva de imprensa, ministro da Economia, Paulo Guedes e presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira - Foto: EDU ANDRADE/Ascom/ME

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) começou a semana que passou anunciando a demissão ou troca de seis ministros de uma só vez. As mudanças ocorreram no momento em que o presidente se vê acuado por sua base de apoio no Congresso, por empresários e pelo mercado financeiro, devido à condução do combate à pandemia da Covid-19. A dança das cadeiras não afetou a área econômica do governo, mas o setor foi poupado da dança das cadeiras na Esplanada – ainda que também enfrente desgastes.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, acabou ganhando defesa pública de políticos do Centrão, pedindo a permanência do “posto Ipiranga” de Bolsonaro no cargo.

O apoio público a Guedes, entretanto, não significa que o ministro esteja bem avaliado pela base do governo no Congresso. Ao contrário. O ministro terminou a semana travando uma queda de braço com o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), por divergências no Orçamento da União. Mas, na avaliação de Lira e de seu entorno, uma saída de Guedes do governo só terá como resultado aumentar ainda mais a crise econômica que o país enfrenta em consequência da pandemia.

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Ministro da Economia, Paulo Guedes
Decisão de não vender o Banco do Brasil é um novo ponto de divergência entre o presidente e o ministro Paulo Guedes
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Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira

Fábio Vieira/Metrópoles
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Ministro da Economia, Paulo Guedes

Ministério da Economia/ Divulgação
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Decisão de não vender o Banco do Brasil é um novo ponto de divergência entre o presidente e o ministro Paulo Guedes

Agência Brasil/ Divulgação

Esse diagnóstico foi colhido tanto por Lira quanto pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), em conversas com empresários nas últimas semanas. Um interlocutor de Lira resumiu ao Metrópoles o que o grupo pensa sobre Guedes: “Ruim com ele, pior sem ele”. 

Vice-presidente da Câmara e aliado próximo de Lira, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) reconhece que Guedes hoje não é uma unanimidade, mas deixa claro que o Congresso não vai pedir a troca do ministro, com quem ainda mantém uma boa relação apesar das divergências.

“Minha relação com o Guedes é boa, apesar de eu discordar radicalmente da política industrial. O governo dele está desmontando a indústria nacional”, afirmou ao Metrópoles. “A gente elogia e critica. Acho que ele tem qualidades e defeitos. Eu tenho uma boa parte de pontos de convergências com o ministro”, complementou. 

O deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP) reforça essa visão. “Eu tenho pessoalmente divergências conceituais sobre políticas industriais e de comércio exterior em relação ao Guedes, mas, enquanto a sociedade e o presidente estiverem o apoiando, acredito que ele deve ficar, porque tem coisas boas, por exemplo, concordo com a política fiscal dele e com política de reformas”, afirmou. 

Desde o início da gestão de Guedes, a debandada na cúpula econômica já soma 12 nomes. A última demissão foi do presidente do Banco do Brasil, André Brandão. A cada movimentação como essa, importantes indicadores do mercado respondem negativamente, como o dólar e a bolsa de valores. A preocupação com a derrocada da economia já levou líderes do Centrão e empresários a pressionarem o presidente pela demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o que acabou de fato ocorrendo. 

O argumento era de que o ministro comprou briga com a China e com os Estados Unidos, o que prejudicou o Brasil na disputa mundial pela compra de vacinas. A imunização da população é “a luz no fim do túnel” para a retomada econômica, como costuma dizer o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliação com a qual o empresariado e políticos do Centrão concordam.

Além de Ernesto, Bolsonaro demitiu ou trocou os ministros da Defesa, da Justiça, da Advocacia-Geral da União (AGU), da Casa Civil e da Secretaria de Governo. A dança das cadeiras abriu espaço para o Centrão se instalar no coração do Palácio do Planalto. A Segov, que passou a ser ocupada pela deputada Flávia Arruda (PL-DF), outra aliada do presidente da Câmara, é responsável por direcionar os pedidos dos parlamentares por cargos e liberação de emendas. 

“A todo momento o presidente arruma uma confusão desnecessária na área da economia. Não precisava tirar o presidente do Banco do Brasil e o da Petrobras da forma como foi. Não dá para tirar o Paulo Guedes agora. Essas coisas não se fazem assim”, afirmou um interlocutor do presidente da Câmara. 

Essas movimentações levantaram suspeitas sobre a possível demissão do ministro da Economia. No Twitter, esse foi um dos assuntos mais comentados da semana. Centenas de internautas pediram a demissão de Guedes, enquanto outros criticaram a falta de articulação política do chefe da pasta econômica.

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