metropoles.com

Apesar de corte no juro, cheque especial ainda é opção mais cara

Caixa reduziu taxa para 4,99% ao mês, mas outras linhas de crédito para pessoa física têm juros menores

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Andre Borges/Esp. Metrópoles
Pedro Guimarães, Caixa Econômica
1 de 1 Pedro Guimarães, Caixa Econômica - Foto: Andre Borges/Esp. Metrópoles

A Caixa Econômica Federal anunciou a redução dos juros do cheque especial para 4,99% ao mês – o que representa a melhor taxa para a modalidade em todo o mercado brasileiro. Anteriormente, os juros do cheque especial na Caixa variavam entre 8% e 13% ao mês. A nova taxa é destinada a correntistas que possuem relacionamento com a instituição, ou seja, que possuem cartão de crédito, cesta de serviços e também recebem salário na Caixa. As novas condições estarão disponíveis a partir de 1.º de dezembro.

Apesar do corte, o cheque especial segue sendo uma das piores opções para quem precisa de crédito. Enquanto a taxa do produto na Caixa está em cerca de 79,3% ao ano, os juros médios do crédito não consignado da instituição eram de 45,3% ao ano na última semana de outubro, de acordo com dados do Banco Central.

Isso significa que um rombo de R$ 2 mil no cheque especial representa uma dívida de R$ 3.587,52 ao fim de 12 meses. Se o cliente solicitasse um empréstimo não consignado para arcar com a dívida, o montante chegaria a R$ 2.905,02 no mesmo período – a simulação não representam o chamado custo efetivo total, que inclui, além da taxa nominal de juros, seguros e eventuais tributos como o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

A situação pode ser ainda pior para quem busca crédito em outras instituições. A taxa média do cheque especial em setembro, segundo o Banco Central, ficou em torno do 307% ao ano. Os juros do Santander são os mais elevados entre os cinco grandes bancos e chegam a 420% ao ano. Entre outubro de 2016 – quando começaram os sucessivos cortes na taxa Selic, a taxa básica de juros da economia – e setembro de 2019, a média de juros do cheque especial passou de 328,52% para 307,58% ao ano.

De acordo com Annalisa Dal Zotto, planejadora financeira e sócia da Par Mais, a suposta falta de garantia de pagamento do cheque especial não explica as altas taxas, especialmente se comparadas a outras modalidades como o crédito não consignado. “Não tem nada que justifique. Existem alguns fatores que oneram, como impostos e depósito compulsório, mas é um lucro muito alto dos bancos.”

Para Ricardo Teixeira, coordenador do MBA de Gestão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), ao não considerar o risco de inadimplência individual as instituições financeiras acabam punindo os bons pagadores com altas taxas. “Quem concede o cheque especial, que já está pré-aprovado, é o próprio banco. Se houver uma melhor gestão de concessão, essas taxas podem cair muito.” Para ele, o cadastro positivo deveria ser a ferramenta utilizada para medir o risco de inadimplência de cada cliente.

Duas perguntas para o presidente da Caixa, Pedro Guimarães:

1. A Caixa precisará fazer algum ajuste financeiro para oferecer os novos juros do cheque especial?
Nenhuma decisão na Caixa é realizada sem um cálculo matemático que envolve várias áreas, entre elas a de risco financeiro. Matematicamente, essa é uma ótima operação. Temos mais de 100% de lucro com o cheque especial. Nossa estratégia ao reduzir a taxa é ganhar clientes. Esperamos cerca de 10% a mais de clientes no cheque especial, 400 mil pessoas. Hoje, são cerca de 8 milhões de usuários, que representam R$ 6 bilhões dos R$ 700 bilhões da carteira de crédito total da Caixa. Também esperamos menor inadimplência e, com isso, conseguimos ter mais rentabilidade.

2. Por que a taxa de juros do cheque especial é tão superior à de outras modalidades de crédito?
O cheque especial tem a chamada inelasticidade, há menos sensibilidade da contratação à taxa que é cobrada, por isso as taxas acabavam sendo muito elevadas. A duração ideal do uso do cheque especial é de alguns dias, na teoria. Mas o que a gente tem visto é que para uma parcela da população essa é uma linha recorrente de crédito. Com taxas maiores, a parcela de clientes que fica inadimplente sai do mercado financeiro tradicional porque fica negativada e vai para as financeiras, onde você chega a taxas de até 20% ao mês. Não descartamos realizar mais cortes nos juros.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?