Apesar da crise, balança tem superávit de R$ 8,6 bi na 1ª semana de junho
Montante equivale a um crescimento de 26% em relação ao mesmo mês do ano passado se considerar a média por dia útil
atualizado
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Apesar da crise econômica e sanitária que o país enfrenta, a balança comercial brasileira entrou no sexto mês do ano ostentando números positivos. A primeira semana deste mês teve superávit de R$ 8,6 bilhões (equivalente a US$ 1,8 bilhão na cotação atual do dólar, de R$ 4,85).
O montante equivale a um crescimento de 26% em relação ao mesmo mês do ano passado se considerar a média por dia útil – neste ano, a primeira semana de junho teve cinco dias.
Os dados foram divulgados nessa segunda-feira (08/06) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia. Confira aqui a íntegra dos números.
A balança registra a diferença entre exportações e importações. Assim, ao divulgar um superávit, significa que o Brasil vendeu mais produtos a outros países do que comprou – o resultado é uma injeção de capital externo no país.
No acumulado do ano, as exportações somam R$ 427 bilhões (US$ 88 bilhões) e as importações, R$ 343 bilhões (US$ 71 bilhões), com saldo positivo de R$ 83 bilhões (US$ 17 bilhões).
Os números são positivos e, surpreendentemente, ignoram o atual contexto, uma vez que o país – e o mundo – passam por uma forte crise econômica e sanitária causada pela pandemia do novo coronavírus. Ao mesmo tempo, a inflação também registra um movimento de queda neste ano. Nos 12 meses encerrados em abril, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede oficialmente a variação de preços no país, acumulou alta de 2,40% – até março, o acumulado anual era de 3,30%.
Para o economista Ciro de Almeida, da G2W Investimentos, o resultado reflete a retomada do consumo global após o controle da pandemia nos principais países importadores do Brasil.
As exportações à China, como mostrou o Metrópoles, registraram em abril o maior valor de toda a série histórica iniciada em 2009: foram mais de R$ 40 bilhões de produtos vendidos. Esse alta ocorre apesar dos recentes atritos entre membros do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e representantes do gigante asiático.
Países da Europa, que também são grandes compradores do Brasil, começaram a ter, em maio, uma queda no número diário de casos de coronavírus. Em tese, estão agora renovando os estoques.
“A alta na balança é puxada principalmente por produtos agrícolas. Afinal, o mundo precisa se alimentar e o Brasil ainda é um dos principais produtores e exportadores de commodities agrícolas”, prossegue Ciro de Almeida.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgados nesta terça-feira (09/06) apontam que a produção de grãos na safra 2019/20 deve ser recorde, acumulando mais de 250 milhões de toneladas.
O dólar fechou nessa segunda-feira cotado a R$ 4,85, queda de 2,8% em relação à abertura do dia. Há menos de um mês, a moeda norte-americana batia o pico de R$ 5,88, mas desde então vem caindo dia após dia.
Além disso, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, encerrou essa segunda, por sua vez, em alta de 3,2%, aos 97,6 mil pontos. Esta foi a sétima dia de alta seguida registrada na Bovespa.