Com nova Selic, 6 em 10 investidores estudam mudar de aplicação
Objetivo da mudança de carteira é tentar ter um rendimento satisfatório a ponto de superar a inflação após o impacto do coronavírus
atualizado
Compartilhar notícia
Brasileiros estudam mudar os tipos de investimentos em meio ao avanço do novo coronavírus, que tem derrubado a Bolsa de Valores, desvalorizado o preço do real ante o dólar e, mais recentemente, contribuído para o novo corte da taxa básica de juros – a taxa Selic.
Seis em cada dez investidores pretendem trocar de estratégia e apostar em novas opções após o impacto do coronavírus na economia, revela pesquisa do aplicativo de gestão financeira Guiabolso.
O levantamento foi feito entre os dias 13 e 16 de março e, portanto, não considerou a nova taxa Selic, estabelecida nessa quarta-feira (18/03) pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Mas, considerava a curva descendente da taxa básica de juros.
Vinculado ao Banco Central (BC), o Copom reduziu a Selic em 0,5 ponto percentual: de 4,25% ao ano para 3,75% ao ano, o que equivale ao menor patamar da história.
“Quando há redução na Selic, alguns mercados ficam mais atrativos com o aumento da exposição ao risco pelo investidor”, explica a planejadora financeira da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar), Ana Lúcia Rocha Soares.
Para a economista Yolanda Fordelone, que ajudou a coordenar a pesquisa do Guiabolso, o investidor se vê frustrado diante dos baixos rendimentos de aplicações de renda fixa.
“O investidor brasileiro se acostumou por anos a ganhar muito dinheiro na renda fixa. Mas, a gente vê com naturalidade que as pessoas estejam pensando em rever esses investimentos”, completa.
Bolsa de Valores?
Ainda de acordo com a pesquisa, 32% dos investidores interessados em mudar de tática pretendem aproveitar o atual cenário para investir na bolsa.
Mesmo atrativa, a opção é arriscada. Sobretudo por causa do avanço do novo coronavírus, as bolsas do mundo inteiro registram forte queda nas últimas semanas.
O Ibovespa, por exemplo, índice que mede as ações na bolsa brasileira, acumula uma queda de 42% somente neste ano.
Longo prazo
Assim, especialistas consideram a bolsa um investimento de risco e de longo prazo. Isso porque, para se ter o retorno esperado, é preciso que as ações voltem a crescer, o que pode demorar um certo tempo diante do atual cenário.
“A bolsa pode ser uma boa opção. Porém, é importante levar em consideração o perfil de risco do investidor, já que a bolsa pode continuar caindo”, detalha Ana Lúcia.
“Ações têm sido uma opção, mas não necessariamente é um caminho para todo mundo”, analisa Yolanda Fordelone.
Outras opções
A economista do Guiabolso, inclusive, explica que nem sempre é necessário ajustar as escolhas, sobretudo para quem tem um histórico de investimentos variados. Neste caso, ela pede paciência e segurança.
“Eventualmente, vale a pena pensar em aumentar o valor da reserva”, diz Yolanda. “Se fez uma reserva de três meses, talvez valha aumentar para quatro ou cinco meses.”
Aplicações mais conservadoras como a poupança e títulos públicos, como as Letras Financeiras do Tesouro (LFT) – que têm a rentabilidade atrelada à Selic –, apenas conservarão o patrimônio.
“Por outro lado, os títulos de empresas privadas como as debêntures incentivadas, CRIs e CRAs, fundos multimercados e a bolsa podem trazer um retorno mais interessante ao investidor”, explica Ana Lúcia.
Diversidade
Para investidores mais conservadores, contudo, que estudam uma alternativa à poupança ou ao tesouro, por exemplo, o conselho é: diversidade.
“A dica da vovó de não colocar todos os ovos na mesma cesta vale para nossos investimentos. A diversificação traz uma proteção natural para o retorno da carteira”, completa Ana Lúcia, da Planejar.