Alimentos vão pesar mais no bolso do consumidor em 2018, diz FGV
Índice que mede os preços de matérias-primas registra alta de 0,74% em dezembro. Defensivos agrícolas devem pressionar custo da agricultura
atualizado
Compartilhar notícia
Os preços dos alimentos foram o “grande assunto” de 2017 nos indicadores de inflação, e 2018 “começa do zero” nesse item, segundo André Braz, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Mais cedo, a FGV revelou que o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou alta de 0,74% em dezembro, ante aumento de 0,80% em novembro, fechando o ano com deflação de 0,42%. Foi a menor variação anual do índice desde 2009, quando o IGP-DI registrou queda de 1,43% no ano fechado.
Em dezembro, o IGP-DI apontou aceleração nos preços dos alimentos. No atacado, o grupo “alimentos in natura” saiu de uma deflação de 4,24% em novembro para um recuo de 1,87% em dezembro. Já os “alimentos processados” passaram de uma alta de 0,39% em novembro para um avanço de 1,01% em dezembro.
Segundo Braz, o movimento se deve a fatores sazonais e deverá chegar aos consumidores deste mês em diante. Um exemplo é o preço de bovinos no atacado, que saíram de recuo de 1,33% em novembro para alta de 2,92% em dezembro.
A elevação contaminou o preço da carne bovina, também no atacado, que passou de queda de 0,44% para alta de 2,04%.
Para o pesquisador, o comportamento dos preços de alimentos ano passado deve ser analisado de forma associada com o que ocorreu em 2016. A queda de 2017 “queimou a gordura” criada com a alta de 2016.
“Agora, 2018 começa do zero”, afirmou Braz, destacando algumas pressões inflacionárias, como reajustes nos preços de defensivos agrícolas, fertilizantes e óleo diesel, que marcarão a elevação dos custos na agricultura neste ano.
Braz destacou ainda que o grupo Alimentação do IPC-DI, que mede os preços ao consumidor, registrou deflação de 0,48% em 2017. Isso reforça a expectativa de deflação nos preços dos alimentos também no IPCA, índice oficial, que será informado nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).