metropoles.com

Agronegócio dribla inflação, bate recorde e traz até R$ 237 bi ao país

Crescimento real na renda do setor deve chegar a 16% e o dinheiro que começa a circular nas cidades do interior já está irrigando o comércio

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Jonas Oliveira/ANPr
Colheita de soja. Foto Jonas Oliveira/ANPr
1 de 1 Colheita de soja. Foto Jonas Oliveira/ANPr - Foto: Jonas Oliveira/ANPr

Na boca da safra, a agricultura é um dos poucos setores que têm o que comemorar em meio à recessão. Puxada pela dobradinha soja e milho, a receita da produção de grãos que começa a ser colhida no Centro-Sul deve passar de R$ 200 bilhões este ano. É uma cifra recorde, assim como o volume de produção, e com ganhos acima da inflação.

Esse resultado funciona como uma injeção de ânimo na economia do interior do País e traz alívio para os preços dos alimentos, que foram os vilões do custo de vida no ano passado. A agropecuária, segundo os dados mais recentes do IBGE, representou mais da metade da atividade econômica em 1.135 municípios do País em 2014.

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) estima colheita de 215 milhões de toneladas de grãos e renda de R$ 237,7 bilhões. O economista da CNA Renato Conchon diz que a receita deste ano avança quase 14% em relação à de 2016, descontada a inflação. Já o economista Fabio Silveira, sócio da consultoria MacroSector, prevê safra um pouco menor, de 211,4 milhões de toneladas, admitindo riscos de perdas. Ele estima receita de R$ 226,1 bilhões, com crescimento real de quase 16%.

Diferenças à parte, o dinheiro que começa a circular nas cidades do interior já está irrigando o comércio local. A rede de lojas Havan, por exemplo, especializada em vestuário, tem 25 lojas no Paraná. Destas, 13 estão em cidades do agronegócio e tiveram aumento de vendas de 20% em janeiro em relação ao mesmo mês de 2016. Nas demais o avanço foi de 10%.

El Niño
O resultado favorável da renda do campo deste ano reverte a frustração que houve em 2016, quando a produção recuou por causa das perdas climáticas provocadas pelo El Niño. “2016 é um ano para ser esquecido”, diz Leandro Cezar Teixeira, gerente da Cocamar Cooperativa Agroindustrial, de Maringá, no Noroeste do Paraná. A região, dominada pela soja, teve perdas de 30% em 2016, mas se recuperou este ano. Apesar da menor cotação da saca de soja neste ano – R$ 68 ante R$ 72,50 em 2016 – Teixeira conta que os produtores estão animados e um grande número deles não vendeu a safra antecipadamente. É um sinal de baixo endividamento do produtor e de que o preço é favorável.

Outro sinal positivo aparece nas compras de insumos para a safrinha de milho plantada logo após a colheita da soja. Na Cocamar, a venda de sementes, adubos e defensivos cresceu 25% este ano. Números da indústria de fertilizantes mostram que as entregas avançaram 11,4% de janeiro a novembro de 2016 ante 2015, revertendo a queda de 6,2% no período anterior.

O ânimo dos produtores aparece também nas vendas de máquinas agrícolas. Em dezembro, quando iniciam os preparativos da colheita, houve crescimento de 84% nos negócios em relação ao mesmo mês de 2015.

Na Iguaçu Máquinas Agrícolas, por exemplo, com sete lojas em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o volume de vendas cresceu entre 10% e 15% a partir de novembro até agora, conta o gerente-geral de Rondonópolis (MT), Mario Guilherme Lange. “Esta é uma região de puro agronegócio e não sentimos a crise.” Neste ano apareceram agricultores interessados em comprar equipamentos para pronta entrega, o que não é usual. Ele notou uma procura maior por colheitadeiras de grande porte, com mais eletrônica embarcada. “São as ‘Ferraris’ do campo, que chegam a custar R$ 1,5 milhão.” Juro baixo, produtor capitalizado e clima favorável animaram os agricultores, afirma.

“O clima foi fundamental”, diz o vice-presidente da Associação dos Produtores de Milho e Soja do Mato Grosso, Elso Pozzobon. A produtividade das cidades do Norte do Estado, onde 30% da safra de soja foram colhidas, está surpreendendo. Em Sorriso, a média é de 58 sacas por hectare, ante 47 em 2016.

Pozzobon diz que a agricultura “vai ajudar a economia a sair da letargia”. Para Silveira, o agronegócio evita outro ano recessivo no País. Porém, pelo fato de ter cadeias curtas de produção e empregar pouco, o setor não pode trazer de volta o crescimento: “Essa função ainda é da indústria.”

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?