Afif cobra Tombini e Levy sobre proposta de liberar compulsório a capital de giro
Segundo o presidente do Sebrae, as micro e pequenas empresas estão sustentando os empregos, já que as grandes corporações são as que mais demitiram até agora nos últimos meses
atualizado
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Em evento promovido pelo Banco Central em parceria com o Sebrae, em Brasília, o presidente da representante das pequenas empresas, Afif Domingues, cobrou o presidente do BC, Alexandre Tombini, e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sobre proposta de liberar compulsório para crédito para capital de giro. Nenhum dos dois estava no local, apesar de a presença de Tombini estar prevista – foi cancelada posteriormente.
“Apresentei proposta a Tombini e o ministro da Fazenda para liberar uma parcela do compulsório para financiamento de capital de giro de pequena empresa porque 4% ao mês (de juro) não dá para sobreviver; (capital de giro) é oxigênio para atravessar momento de crise”, defendeu.
Segundo o presidente do Sebrae, as micro e pequenas empresas estão sustentando os empregos, já que as grandes corporações são as que mais demitiram até agora nos últimos meses. “Quero dizer aos meus amigos do BC que temos uma distância muito grande para percorrer e fazer o crédito chegar na ponta. O crédito para a produção está muito concentrado e isso gera um fator de concentração de renda no País”, argumentou ele, ressaltando que o objetivo dos bancos é empresas apenas para as grandes empresas
Críticas
Afif fez também duras críticas ao sistema financeiro e às taxas de juros no Brasil durante evento do Banco Central. O executivo se queixou da concentração do setor bancário e reclamou do custo dos financiamentos. “Pegar empréstimo com juro de 4% ao mês quebra qualquer um”, disse. “Taxa de juros hoje é pornográfica”, afirmou.
Ele lembrou que foi graças ao crédito e a robustez do sistema financeiro que o Brasil passou pela crise de 2008. Ele ponderou, no entanto, que essa robustez obtida depois do saneamento bancário ocorrido nos anos 1990, levou à concentração. “No Brasil, as instituições são fortes, mas muito concentradas. Hoje dois bancos públicos e três privados concentram 90% das operações”, argumentou. Afif disse ainda que em termos de financiamento de consumo o Brasil está avançado. “Mas em financiamento a produção, temos um longo caminho a percorrer”, ponderou.
Citou também dados de uma pesquisa do Sebrae como forma de corroborar as críticas que fez. “Em 2015, apenas 17% das microempresas tomaram empréstimo e o principal financiador da micro e pequena empresa é o fornecedor, não o sistema financeiro”, disse. Ele afirmou que 51% das micro e pequenas empresas usam cheque pré-datado e que 84% dos donos tem conta de pessoa física ao invés de conta de pessoa jurídica.