A uma semana do Copom, projeções indicam alta de 0,50 na Selic
Analistas apostam em acréscimo de 0,50 ponto percentual na Selic ainda em novembro. Probabilidade de esse aumento ocorrer é de 85,2%
atualizado
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Um levantamento semanal que analisa projeções do mercado financeiro para a economia brasileira indica que a taxa básica de juros, a Selic, tem alta probabilidade (85,2%) de ser elevada para 11,25% ao ano na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), marcada para 5 e 6 de novembro.
Os dados estão presentes no Índice Equus de Precificação da Selic (Ieps), da Equus Capital, ao qual o Metrópoles teve acesso. A pesquisa foi feita nessa segunda-feira (28/10), após divulgação do relatório Focus.
O estudo calcula as chances de ocorrerem as projeções feitas pelo mercado financeiro. No Focus desta semana, os analistas apostaram em acréscimo de 0,50 ponto percentual (p.p.) na Selic ainda em novembro.
Com isso, o mercado financeiro projeta novas elevações na taxa de juros até o fim deste ano. Segundo as estimativas, a Selic subirá dos atuais 10,75% ao ano para 11,75% ao ano até o fim de 2024.
Atualmente, a taxa está em 10,75% ao ano, após o Copom decidir, por unanimidade, elevar a Selic em 18 de setembro. A decisão marcou a retomada da elevação de juros, que não ocorria há dois anos. A última alta da Selic havia sido registrada em 15 de agosto de 2022, no governo de Jair Bolsonaro (PL). À época, o colegiado aumentou os juros de 12,75% para 13,25% ao ano — essa era a maior taxa desde 2016.
Caso a elevação de 0,50 p.p. seja aprovada, a Selic voltará ao patamar de janeiro deste ano, de 11,25% ao ano — quando o Copom seguia fazendo cortes. Em 2024, a redução da taxa de juros só foi interrompida em 19 de junho.
O que uma alta dos juros significa
A Selic é o principal instrumento de política monetária usado pelo BC para manter a inflação dentro da meta. A meta de 2024, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3%, com variação de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo (4,5% e 1,5%).
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, está em 4,42% no acumulado de 12 meses até setembro — próximo ao limite da meta. No mês passado, o IPCA cresceu 0,44%, puxada principalmente pelo aumento dos preços da energia elétrica (5,36%).
Economistas consultados pelo BC passaram a projetar que a inflação deve estourar o teto da meta. Segundo dados do Focus, a expectativa é de que o índice fique em 4,55% até o fim de 2024.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na semana passada que acredita que a inflação ficará dentro da meta. “No acumulado do ano, estamos entendendo que a inflação deve ficar dentro da meta”, reforçou.
Uma eventual elevação da taxa de juros serve como manobra do BC para conter a inflação, o que resulta em redução do consumo e dos investimentos no país. Isso implica crédito mais caro e atividade econômica desaquecida. Enquanto que queda na taxa de juros estimula a atividade econômica, com alta no consumo e investimentos.
No total, o Comitê de Política Monetária tem oito reuniões ao ano para definir a taxa básica de juros. As últimas três de 2024, de acordo com calendário do Banco Central, estão marcadas para:
- 5 e 6 de novembro; e
- 10 e 11 de dezembro.