33,9% dos inadimplentes têm pouco conhecimento sobre contas básicas
De modo geral, quem têm maior conhecimento sobre suas contas básicas são homens , idosos, de classe social mais elevada e que estão desempregados no momento
atualizado
Compartilhar notícia
A falta de atenção em relação a educação financeira e o desconhecimento a respeito das próprias contas são algumas das razões que comumente dificultam o pagamento das dívidas atrasadas e a organização do orçamento familiar. Segundo uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 33,9% dos inadimplentes não têm muito conhecimento sobre suas contas básicas.
De modo geral, quem têm maior conhecimento sobre suas contas básicas são homens (67,7%, ante 64,9% das mulheres), mais velhos (93,3% para os acima de 65 anos, ante 61,8% na faixa de 18 a 34 anos), de classe social mais elevada (78,7% na classe A/B, de 65,0% na C/D/E) e que estão desempregados no momento (70,8%, de 64,5% ante os empregados). Enquanto quase 44% não têm muito conhecimento das suas dívidas, em relação à própria renda essa proporção é menor (40,3%). Já no que diz respeito a compras no crédito (cartão de banco ou de loja e/ou carnê e crediário), 43,7% não têm muito conhecimento.
Para os entrevistados, considerando a vida financeira atual 43,9% consideram prioridade fazer compras de alimentos, produtos de higiene e limpeza. Já 30,6% dizem que o essencial é pagar no prazo as contas mensais, como luz, água e telefone. Para 11,0%, o principal objetivo é quitar contas em atraso e limpar o nome. Outros 6,3% pensam que a prioridade é pagar em dia contas de crediário, cartão de crédito e cheque especial. Outras opções citadas foram: guardar dinheiro para algum imprevisto (3,7%), comprar produtos e serviços que deseja, ainda que não sejam necessários (3,0%) e gastos com lazer (1,5%).
Estar inadimplente faz com que parcela significativa dos entrevistados alterem hábitos de consumo. Dos consumidores ouvidos, 79,7% disseram que tiveram de fazer cortes ou ajustes no seu orçamento, 77,7% abriram mão de coisas a que antes tinham acesso, 75,9% deixaram de fazer compras no crédito, 71,4% evitaram comprar artigos como roupas e calçados, 64,0% pararam de comer fora e 56,6% cortaram alimentos supérfluos (como iogurtes, carnes, bebidas, alimentos congelados, etc).
De acordo com o educador financeiro do SPC Brasil José Vignoli, estar a par do orçamento é essencial para uma vida financeira livre dos riscos da inadimplência. “O baixo conhecimento das contas indica que o consumidor perdeu o controle da situação. Nesse cenário, é extremamente difícil sair da inadimplência”, afirma.
Para a economista-chefe da instituição, Marcela Kawauti, com a recessão econômica, o desemprego e os efeitos da inflação, o poder de compra e de pagamento de contas das pessoas foi enfraquecido. “Além disso, as empresas mostram cada vez mais disposição em negativar os inadimplentes, como forma de acelerar o recebimento dos compromissos em atraso”, explica.
A pesquisa ouviu 602 pessoas inadimplentes – com dívidas em atraso há mais de 90 dias – entre os dias 17 de junho e 13 de julho, em todas as regiões do país.