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2023, o ano para investir na Bolsa? As visões de 4 bancos e corretoras

Falta de previsibilidade sobre os rumos da economia dificulta as previsões para a Bolsa, mas visão comum é de que ações estão baratas

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Fábio Vieira/Metrópoles
Pessoas observam o telão da Bolsa de Valores, a B3, na Rua XV de Novembro, região central de São Paulo 1
1 de 1 Pessoas observam o telão da Bolsa de Valores, a B3, na Rua XV de Novembro, região central de São Paulo 1 - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

Definido o nome de Fernando Haddad como novo ministro da Fazenda, o mercado começa a buscar insumos para calcular o cenário do próximo ano. As projeções para a Bolsa de Valores no próximo ano são sinal de que, apesar do mandatário da Fazenda ter sido escolhido, ainda há muito em aberto.

A condução da política fiscal será determinante para o rumo dos juros. Caso o governo opte por abrir o caixa e gastar mais, como a PEC de Transição sugere que ocorrerá, o aumento de despesas poderá causar um repique inflacionário. Se assim for, o Banco Central deverá manter a Selic em um patamar elevado, ou até deverá aumentar os juros básicos no país.

Juros mais altos significam um custo mais elevado para as empresas, o que comprime as receitas e as margens dos negócios listados na Bolsa. Além disso, com a Selic em dois dígitos, o investidor brasileiro é estimulado a deixar o dinheiro em aplicações de renda fixa, cujo rendimento anual acompanha o da taxa básica do país.

É por isso que ciclos de juros altos costumam deprimir a bolsa. O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira, não andou nos últimos 12 meses. O indicador acumula queda de 0,2% no mesmo período, e deve encerrar o ano praticamente no zero a zero.

Por outro lado, se o governo Lula se mostrar capaz de equilibrar as promessas de campanha com alguma regra fiscal, é possível que o desempenho da economia (e das empresas da Bolsa) surpreenda positivamente.

O Metrópoles reuniu as projeções de quatro corretoras e bancos para o Ibovespa em 2023. No melhor dos cenários, a Bolsa poderia ter um salto de 25%, e no pior, o índice andaria de lado até o final do ano que vem.

Veja abaixo as projeções e as análises.

Bank of America: 135 mil pontos

A mais otimista das análises é a do Bank of America (BofA). O banco estrangeiro prevê o Ibovespa em 135 mil pontos no final do próximo ano, acima do recorde histórico de 130 mil pontos atingido pela Bolsa em junho de 2021.

A visão positiva para o cenário brasileiro está relacionado ao bom momento das commodities no exterior. Para o BofA, as empresas da Bolsa exportadoras de petróleo, minério e aço, por exemplo, serão beneficiadas pela valorização das cotações. Como essas empresas possuem um grande peso na Bolsa brasileira, o mercado deverá ter um ano positivo.

“No Brasil, esperamos estar no final do ciclo de alta [dos juros] e os mercados estão discutindo em qual momento do próximo ano os cortes [da Selic] começarão. A inflação está caindo e a atividade está desacelerando”, observou o banco, em relatório.

JPMorgan: 130 mil pontos

Assim como o BofA, o JPMorgan avalia o Brasil dentro do contexto da América Latina. Por isso, a visão também é mais otimista do que a média. Na visão do banco americano, o Ibovespa escalará para o mesmo patamar recorde de 130 mil pontos.

Para os economistas do JPMorgan, o crescimento da economia e da bolsa serão suportados por um avanço das commodities. Mesmo que haja uma recessão nos Estados Unidos, em razão da alta dos juros, a reabertura da economia da China e o dólar mais fraco serão suficientes para garantir às exportadoras brasileiras um bom 2023.

Por outro lado, o banco americano lembra que um quadro de dominância fiscal (com os gastos do governo fora de controle) poderia elevar a inflação, os juros e derrubar a bolsa para um patamar de 95 mil pontos.

” A piora do lado fiscal levaria à alta da inflação e confirmaria os movimentos recentes da curva de juros, com elevação da Selic para 2023″, alertou a equipe do JPMorgan, em relatório.

XP: 125 mil pontos

A corretora XP vê a Bolsa brasileira com um desconto de 40% em relação ao preço-médio dos últimos 15 anos. Por enxergar o mercado de ações como barato, a projeção da empresa é de um Ibovespa aos 125 mil pontos no final de 2023.

Com o aumento dos juros nos Estados Unidos e Europa, o Brasil tende a ser um destino buscado por investidores estrangeiros.

Por outro lado, o cenário de 125 mil pontos foi fruto de uma revisão pela equipe da XP. Antes da aprovação da PEC de Transição, a corretora via a Bolsa em 135 mil pontos, mas o aumento de gastos do governo e o risco para a inflação tornou a projeção mais conservadora.

Genial Investimentos: 109 mil pontos

A mais pessimista das projeções coletadas pelo Metrópoles é a da corretora Genial. A equipe de análise da corretora revisou o cenário para 2023 e projetou uma Bolsa em 109 mil pontos, praticamente o mesmo nível da última sexta-feira (9/12), quando o Ibovespa fechou o dia em 107 mil pontos.

A Genial diz que fez o ajuste principalmente em razão dos juros. Até a aprovação da PEC, a corretora vislumbrava o início do processo de queda da Selic já em 2023, mas agora a equipe de análise acredita que os juros vão até voltar a subir no ano que vem.

“Entendemos que ações locais estão baratas, mas as primeiras sinalizações do governo eleito diminuem a visibilidade de um cenário mais benigno à frente”, escreveu a equipe da Genial, em relatório.

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