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“É uma sensação de ganho e perda”, lamenta avô após bebê ser devolvido

Famílias dos bebês vítimas de erro em hospital de Trindade (GO) tentam se acostumar à vida após os filhos serem “destrocados”

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bebes trocados Hospital de Urgências de Trindade
1 de 1 bebes trocados Hospital de Urgências de Trindade - Foto: Andre Borges/Eps. Metrópoles

Enviado especial a Trindade (GO) – As duas mulheres seguraram os bebês firmemente enquanto o choro fluía. Os minutos passavam e elas não tinham coragem de entregar uma a outra o verdadeiro filho. Pauliana Maciel, 27 anos, e Aline Alves, 20 anos, viveram, nesta quinta-feira (01/08/2019), o momento mais emocionante após a descoberta da troca dos recém-nascidos na maternidade do Hospital de Urgências de Trindade, município da região metropolitana de Goiânia.

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A cena era o desfecho de um drama que começou em 9 de julho, quando, por uma falha na unidade médica, segundo a Polícia Civil, os meninos foram entregues às mães erradas. As famílias deixaram a delegacia por volta das 20h, quando concluíram a formalidade dos papéis.

Curiosamente, eles têm o mesmo modelo de carro e da mesma cor. Seguiram cada uma para suas casas. Genésio Vieira, 43 anos, acompanhou Pauliana para o Setor Monte Sinai, em Trindade. Murilo Lobo, 22 anos, levou Aline para o bairro Santa Bárbara, distante cerca de 25 km do endereço onde passaram os últimos dias.

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Coube ao avô paterno dar declarações em nome deles. Os casais receptivos e muito atenciosos silenciaram para a emoção. César Praxedes, pai de Murilo, falou pela primeira vez sobre o caso. “É uma sensação de ganho e perda. Não é entregar os bebês e ir embora como se nada tivesse acontecido”, lamentou.

Ele se emocionou. “Ninguém imagina passar por isso. Como está sendo difícil”, disse, já com o choro preso na garganta. O bebê é o primeiro filho de Murilo, que desde o início da semana está sem trabalhar. “Ele quer retomar a rotina logo”, avisou o avó aos advogados.

Ao deixarem a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), um misto de choro e riso tomou conta das famílias. Murilo sentou no banco de trás ao lado de seu filho. Com o vidro entreaberto, sorriu como se a vida ganhasse novamente o rumo certo.

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Investigações
Até esta quinta-feira, 11 pessoas foram ouvidas. A chefe da DPCA, delegada Renata Vieira, antes mesmo de concluir o inquérito, adiantou que somente a pessoa envolvida na falha será responsabilizada. “Vamos identificá-la, explicar o que aconteceu e estudar a punição cabível”, destacou. Uma técnica de enfermagem do berçário é a principal suspeita.

A defesa das famílias estuda pedir uma indenização por danos morais. O advogado Alaor Mendanha, da defesa de Genésio e Pauliana, explica que os próximos passos serão dados após os casais se restabelecerem. “O mais importante é superar esse momento, acomodar os bebês e proteger todos os envolvidos”, destacou.

O advogado Sérgio Flauzino, da defesa de Murilo e Aline, usou o mesmo tom. “As famílias estão passando por muito desgaste. Agora, é o momento de preservação e construção de novos laços”, afirmou, ao frisar que os casais decidiram manter a convivência.

O psicólogo clínico Carlos Alberto de Souza Fernandes acompanhou a destroca dos bebês e ressalta que as famílias precisam de assistência. “Eles estão vivendo uma gangorra emocional muito grande. Isso pode trazer danos psicológicos sérios”, ponderou.

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