“É uma nova pandemia”, diz secretário de Saúde de SP, Jean Gorinchteyn
Secretário explicou ao Metrópoles o que torna esta onda da pandemia de coronavírus diferente da anterior
atualizado
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São Paulo – O ritmo acelerado de transmissão da Covid-19 e suas complicações, que têm elevado as taxas de mortalidade e internações em todo o país, fez o secretário de Saúde do estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, chegar à conclusão de que estamos vivendo “uma nova pandemia”.
Em uma conversa com o Metrópoles, o secretário explicou que o agravamento da crise sanitária é resultado da transmissão de um “novo vírus”, aliado ao desrespeito às regras de isolamento social.
“É uma nova pandemia. A gente vê por meio da velocidade com que o vírus se espalha. As pessoas estão fazendo isolamento, fizeram esse mesmo isolamento na fase verde [do Plano São Paulo, que prevê restrições mediante determinados indicadores de casos, mortes, transmissão, ocupação de leitos], e não tinha esse ritmo de transmissão. Ficamos 12, 13 semanas com os índices caindo”, disse à reportagem.
“É outro vírus, e está pegando gente nova. Ele tem capacidade de infectar e, infelizmente, promover inflamação. Quando inflama, principalmente em alguns pacientes, o quadro se agrava”, explica. “Tem Covid e Covid”, emendou.
Os dados corroboram a fala do secretário. A média móvel de internações apresenta alta desde a oitava semana deste ano. Apenas nos três primeiros dias desta semana, o índice já é 6% maior do que o registrado ao longo de toda semana anterior.
A média diária desta semana é de 2.760 novas internações. Na semana passada, o indicador era de 2.593. Após o pico da primeira onda, que teve cerca de 1.900 internações por dia, o registro mais baixo foi em outubro, com média de 840 internações por dia.
Em outubro do ano passado, a taxa média de isolamento também ficou entre 40% e 45%, o mesmo índice registrado na primeira quinzena deste mês.
Questionado se há previsão de notícia positiva, o secretário afirmou que, neste momento, a esperança é a vacina. “Além disso, só podemos falar: cuide-se, precisamos de você para não colapsar o sistema de saúde, estamos no limite.”
O secretário ressalta que as pessoas estão cansadas, mas diz não haver outra saída. Nesta semana, o estado iniciou uma nova etapa de restrições, a fase emergencial, com objetivo de conter a pandemia.
Cenário dramático
Março já é o pior mês da pandemia no estado. Na quarta, a média diária registrada foi de 421 óbitos por Covid-19 — o maior índice desde o início da crise epidêmica. Neste mês, São Paulo superou três vezes o recorde de mortes diárias. Na terça-feira (16/3), atingiu o número mais alto: 679 óbitos em 24 horas.
Também na terça, 25 hospitais da rede estadual de saúde de São Paulo atingiram mais de 100% da ocupação de leitos de tratamento intensivo para Covid-19.
Além disso, na capital, em movimento inédito, 15 hospitais da rede privada pediram 30 leitos à rede pública, segundo o secretário de Saúde do município de São Paulo, Edson Aparecido.
Diante este cenário, o maior cemitério da América Latina, o Vila Formosa, localizado na capital do estado, antecipou-se e acelerou ação para aumentar o número diário de covas abertas.