“É o povo brasileiro que vai dar um golpe no Bolsonaro”, diz Lula
Em evento natalino com catadores de lixo, petista disse que é preciso “colocar o rico no imposto de renda e o pobre no orçamento”
atualizado
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São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (22/12), que o presidente Jair Bolsonaro (PL) “vai sair sim” da Presidência da República em 2022.
“Eu tô com 74 anos, e já vi muitas crises neste país, mas nunca vi uma crise como esta. É uma crise de falta de respeito, de carinho, de afeto, de amor, é uma crise de transmissão de ódio, é um presidente que mente cinco vezes por dia, e não adianta dizer que vai criar caso e não vai sair, vai sair sim, é o povo brasileiro quem vai dar um golpe nele [em Bolsonaro]”, afirmou.
A fala foi feita durante o Natal dos Catadores e da População em Situação de Rua, do qual o petista participa desde 2003 – com exceção do período em que esteve preso.
Ao lado de sua namorada Rosângela da Silva, a “Janja”, Lula fez um discurso em tom de campanha eleitoral voltado à população mais pobre. Exaltou os feitos que fez em seus mandatos, criticou Bolsonaro, conclamou a esperança do povo brasileiro, fez críticas à Lava Jato, ao mercado financeiro e à imprensa.
Lula afirmou que o Estado “não pode abrir mão de ser um tutor do crescimento econômico e da distribuição de renda” e deixar o mercado se autorregular.
“É por isso que precisamos ter coragem e dizer que nós vamos trilhar esse processo democrático do Brasil, e a partir de 2023 as coisas vão mudar, e eu tenho uma solução muito simples, sem violência: é colocar o rico no imposto de renda e o pobre no orçamento”, afirmou.
O ex-presidente ainda fez críticas à Operação Lava Jato que, segundo ele, foi “uma tentativa de tirá-lo das eleições de 2018”.
“Essa Lava Jato acabou com a esperança deste país, porque um juiz e um procurador resolveram que seriam donos do país, eles passaram a invadir a casa de todo mundo, queriam invadir o Congresso Nacional. Político era tudo ladrão, e essa gente agora virou tudo político, engraçado, né? Todos eles viraram políticos”, ironizou.
O petista também falou sobre a necessidade de tomar medidas de prevenção contra a Covid-19: “Agora nós estamos vivendo a situação mais grave neste país, porque temos crise de pandemia, crise moral, crise de ética e a crise do psicopata que está governando este país, o cara que nunca foi conversar com um parente de uma pessoa que foi vítima do Covid”.
E seguiu: “Nós vamos ter que tomar vacina, vamos ter que usar máscaras e evitar grandes aglomerações, agora nós temos no Brasil uma gripe chamada Influenza, então é importante tomar vacina”.
Haddad
Estavam presentes também os ex-prefeitos de São Paulo Fernando Haddad (PT) e Marta Suplicy (sem partido), a presidente do PT Gleisi Hoffmann, o vereador de São Paulo Eduardo Suplicy (PT) e o deputado Alexandre Padilha (PT). Também acompanhou o evento o advogado Marco Aurélio de Carvalho, fundador do grupo Prerrogativas, que realizou o jantar que reuniu Lula e Geraldo Alckmin (sem partido).
Em sua breve fala, Haddad fez críticas ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Apesar de não falar abertamente sobre as eleições de 2022, Haddad é cotado para concorrer ao governo paulista em 2022.
Sua candidatura, porém, é alvo de uma negociação do PT com o PSB, que quer Márcio França como candidato em troca de filiar Geraldo Alckmin (sem partido) para compor a chapa de Lula. Mas Lula não deixou dúvidas sobre o papel do ex-prefeito: “O Haddad, não sei se ele percebeu que ele vai ser governador do estado de São Paulo”, afirmou em seu discurso.
“É muito triste o que aconteceu em Brasil e em São Paulo nos últimos cinco anos. Uma coisa dramática que está acontecendo, famílias inteiras sem perspectiva de emprego, sem perspectiva de alimentação saudável. Até com o Leve Leite o Doria acabou, nem isso a prefeitura garante mais desde que o Doria entrou. Agora, esse negócio do Bolsodoria deu muito errado, nem Bolso nem Doria”, disse Haddad.