Filha de vítima no RJ: “É isso que o governador tem? Entrar e matar?”
Filhas de mulher morta na operação policial no Complexo do Alemão criticaram a política de segurança do governador Cláudio Castro (PL)
atualizado
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As filhas de Letícia Marinho Salles, de 50 anos, umas das 19 pessoas que morreram na operação policial, ocorrida no Complexo da Alemão, criticaram o governo do Rio de Janeiro e endereçaram a fala ao governador Cláudio Castro (PL).
“Um policial totalmente despreparado atirou na minha mãe. É isso que o governador tem pra gente? Entrar e matar? Toda vez ele só vai mandar matar? A polícia do Rio de Janeiro está aprendendo o quê? A matar um trabalhador?”, questionou uma das filhas na porta do Instituto Médico Legal (IML), nesta sexta-feira (22/7).
A família esteve no local para fazer o reconhecimento do corpo de Letícia. A mulher, que é moradora do Recreio dos Bandeirantes, tinha ido até a comunidade para ajudar uma pastora a organizar uma festa. No retorno para casa, ela foi atingida por um tiro dentro do carro.
Essa é a segunda perda que a família enfrenta em um período de 12 dias. Há cerca de uma semana, Letícia enterrou a mãe, vítima de câncer. E agora ela foi alvo da violência no Rio de Janeiro.
Na hora em que levou o tiro, ela estava acompanhada do namorado e de um primo dele dentro de um carro na estrada do Itararé. No local, conforme as testemunhas, havia policiais à paisana e uma blitz em andamento.
Um dos policiais teria sacado a arma e, em seguida, iniciou-se uma série de disparos. A família de Letícia cobra por Justiça e busca explicações sobre o porquê do início dos tiros.
Vítima queria atuar na segurança
Letícia era nascida e criada na zona norte do Rio, na Vila Cruzeiro. Apesar de morar no Recreio dos Bandeirantes, ela continuava frequentando a comunidade.
Letícia era evangélica e participava de atividades de filantropia para ajudar as pessoas do local. Era mãe de três filhos e avó de três netas. “Para ela, tudo era família”, afirmou Jenifer.
Ela trabalhava como costureira, fazia quentinhas e planejava atuar na área de segurança, como vigilante. O corpo de Letícia será velado às 11h deste sábado (23/7) no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju. O sepultamento está previsto para logo depois, às 11h30.