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Drogas e alucinações: quem é o atirador que matou 4 em Paracatu?

Empresário do ramo imobiliário, as pessoas mais próximas contam que ele vivia o momento de maior conforto financeiro

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Paracatu MG
1 de 1 Paracatu MG - Foto: Reprodução

Enviado especial a Paracatu (MG) — Temperamental, impulsivo e envolvido com drogas. Rudson Aragão Guimarães, 39 anos, atirador que matou quatro pessoas em uma chacina na Igreja Batista Shalon, em Paracatu, distante 234km de Brasília, é descrito como um homem de difícil convivência.

Empresário do ramo imobiliário, as pessoas mais próximas contam que ele vivia o momento de maior conforto financeiro. Apaixonado por animais e motos, muitos estranharam a arrancada violenta contra a ex-namorada Heloísa Vieira Andrade, 50. Ela foi morta com um golpe de canivete no pescoço.

Rudson prestou serviço militar obrigatório por um ano na Aeronáutica. Em suas redes sociais, diz ter estudado direito no UniCEUB, em Brasília. Atualmente, após o término com a namorada que assassinou, estava solteiro e há alguns meses foi internado por conta da dependência química.

Entre suas últimas postagens no Facebook estão mensagens bíblicas. A questão religiosa é apontada como uma das possíveis motivações para a chacina. Rudson foi afastado das atividades da igreja há alguns dias, o que teria lhe desagradado.

“Enquanto você não souber ser ovelha, Deus não te fará leão”, publicou em 25 de março, no Facebook. Dias antes, ele compartilhou: “O lugar mais alto que quero chegar é sob os teus pés, Jesus, abençoe a todos cem vezes mais que a mim”, escreveu. Nos comentários de suas publicações, muitos questionaram o “sumiço” de Rudson.

Psicológico
Ele tem um perfil psicológico difícil de ser compreendido, segundo a delegada responsável pelo caso, Thaís Regina Silva, chefe da Divisão de Homicídios da 2ª Delegacia de Paracatu. Ela conversou com Rudson nessa quarta-feira (22/05/2019), ainda no hospital.

“Ele me contou algumas coisas, mas como a sedação ainda estava sendo retirada, pontos ficaram desconexos. De toda forma, é perceptível que ele é temperamental. Isso é confirmado por familiares”, destacou a delegada.

Um dos principais questionamentos da investigação é decifrar se Rudson está usando drogas atualmente. “Ele esteve internado para tratamento recentemente, mas não sabemos se ele fazia uso no momento”, conclui.

Na casa dele, foram encontradas munição calibre .22 e vários canivetes. Ainda falta saber a origem da arma usada nos assassinatos e o que motivou a ação. Rudson está internado e não corre o risco de morrer. Ele foi alvejado pela Polícia Militar na mão e no ombro. O assassino responderá por quatro homicídios qualificados por motivação fútil e uma tentativa de homicídio.

Há quatro dias, Rudson se desentendeu com o pastor evangélico Evandro Rama em um grupo de WhatsApp. Ele estava insatisfeito por ter sido afastado dos trabalhos religiosos e, segundo as investigações, estaria fazendo ameaças ao religioso. A situação ficou ainda mais crítica quando Evandro questionou as mensagens “inapropriadas” que Rudson estava publicando no grupo.

O tenente-coronel Luiz Magallhães, da PM de Paracatu, que comandou as primeiras ações policiais após o crime, conta que Rudson estava “alucinado” no momento da arrancada violenta.

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 Igreja Batista Shalon permanece de portas fechadas
A  Igreja Batista Shalon permanece de portas fechadas
Os sepultamentos de Marilene Marins de Melo Neves, 38 anos, Rosângela Albernaz, 50, e Antônio Rama, 67, pai do pastor Evandro, ocorreram nessa quarta-feira (22/05/2019)
Os poucos pedestres que transitam pelo local andam de cabeça baixa em sinal de descontentamento
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A delegada destaca que não há qualquer registro anterior de violência doméstica

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De luto após massacre, igreja cancela culto em Paracatu

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“Os relatos dos fiéis mostram que ele demonstrava sinais de distúrbios psiquiátricos. Ele dizia que ouvia vozes e tinha alucinações. Era membro da igreja, mas foi afastado por mau comportamento”, relatou. Segundo testemunhas, Rudson afirmou que “voltou do inferno” com uma missão, antes de abrir fogo.

Investigações e enterros
Nesta quinta-feira (23/05/2019), os investigadores começarão a ouvir formalmente as testemunhas dos crimes, analisarão os resultados das perícias e farão novas ações para recolher mais informações. Ainda falta saber a origem da arma usada nos assassinatos e o que motivou a ação. Rudson está internado e não corre o risco de morrer.

Os relatos dos fiéis mostram que ele apresentava sinais de distúrbios psiquiátricos. Ele dizia que ouvia vozes e tinha alucinações

tenente-coronel Luiz Magallhães

Sob forte comoção, as quatro vítimas de Rudson foram enterradas nessa quarta-feira (22/05/2019). Os primeiros sepultamentos foram o de Marilene Marins de Melo Neves, 38 anos, e Rosângela Albernaz, 50, no Cemitério da Santa Cruz.

No fim da tarde, foi a vez de Antônio Rama, 67, pai do principal alvo de Rudson, o pastor Evandro. A ex-namorada de Rudson, Heloísa Vieira Andrade, 50, foi sepultada em Uberlândia, município mineiro distante 239km de Paracatu.

Passo a passo do crime
Por volta de 20h da última terça-feira (21/05/2019), Rudson foi até a casa da mãe dele, onde também estava a ex-namorada Heloísa Vieira Andrade, 50. Lá, ele esfaqueou a ex-companheira no pescoço com um canivete. Ela morreu a caminho do hospital devido a uma parada cardiorrespiratória.

Minutos depois, Rudson invadiu a igreja. Ele atirou contra Rosângela e Antônio, que não resistiram aos ferimentos e morreram. A intenção dele, segundo a polícia, era matar o pastor Evandro, mas como ele fugiu com a ajuda de fiéis, alvejou o pai dele.

Rudson ainda rendeu outra fiel e a manteve sob ameaça. A Polícia Militar chegou ao local da ocorrência e tentou negociar. Nervoso, ele disparou contra Marilene, a quarta vítima. Rudson foi baleado por um policial.

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