Drauzio Varella critica Bolsonaro após 100 mil mortes por coronavírus
Médico lembrou que o presidente provocou aglomerações e “fez questão de andar sem máscaras”, atrapalhando o combate à pandemia
atualizado
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O médico oncologista e cientista Drauzio Varella criticou neste domingo (9/8), no programa Fantástico, as ações do governo federal e do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no combate ao coronavírus.
Segundo o especialista, o Brasil atingiu a marca de 100 mil mortes pela doença sem que o governo federal tivesse uma ação coordenada contra a pandemia. Ele ainda disse que o presidente, autoridade máxima no país, “negou o perigo”, “provocou aglomerações” e “fez questão de andar sem máscaras”.
“Tivemos mais de um mês para nos organizar para a chegada do vírus. Pela experiência nos outros países, soubemos que era fundamental adotar o isolamento social, usar máscara e testar a população. Nesta hora [que chegou ao Brasil], não tivemos testes nem ação coordenada do governo, porque nossa autoridade máxima negou o perigo que corríamos, provocou aglomerações e fez questão de andar por aí sem máscara”, apontou.
Varella classificou o resultado da pandemia no Brasil como “desastroso” e considerou que o país perdeu o controle sobre ela. O médico ainda defendeu a importância do Sistema Único de Saúde (SUS), que, mesmo com todos os problemas, tem sido fundamental para o atendimento à população.
“Outros políticos e uma parte da sociedade seguiram o mesmo comportamento. O resultado não poderia ser mais desastroso. Perdemos o controle da epidemia. Os mais pobres, negros, que vivem em lugares de difícil acesso – como os indígenas – e os que moram em comunidades com estrutura precária formaram a maioria das 100 mil mortes. O SUS tem sido heroico, mas tem que ser preparado para atender a demanda dos locais em que a epidemia se alastra”, comentou.
Ainda de acordo com o médico, “ainda há tempo para reduzir as dimensões das nossas tragédias, desde que o governo federal e demais autoridades se empenhem em testar e conscientizar a população de que andar por aí sem máscara e distanciamento é fazer a epidemia durar muitos meses e prolongar o sofrimento das famílias mais pobres”.