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Doria sobre Queiroga e possível atraso de doses: “É feio mentir”

Governador fez referência em resposta a tweet do prefeito Eduardo Paes; Doria disse, nesta 4a, que acionará Ministério da Saúde na Justiça

atualizado

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joão doria
1 de 1 joão doria - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

São Paulo – O governador João Doria afirmou, na tarde desta quarta-feira (11/8), que o considera como falta de regularidade na entrega das vacinas aos estados e municípios brasileiros trata-se de “incompetência” do Ministério da Saúde e do governo federal.

Além disso, ainda nesta quarta, em coletiva de imprensa, o governador paulista não poupou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga: “Eu aprendi com meu pai que é feio mentir, que é feio prometer e não cumprir”, disse Doria, em alusão ao que considera descumprimento de acordo para entrega de vacinas a São Paulo.

Parte das críticas foi no Twitter. O governador respondeu ao prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), afirmando que a falta de vacinas é “incompetência do governo federal”. Paes havia sugerido que o estado de São Paulo entregasse a Coronavac “sem intermediários” para o Rio de Janeiro.

“João Doria, não tem como mandar doses direto da Coronavac para cá, não? Sem intermediários, como você está fazendo com a Prefeitura de São Paulo?” perguntou o prefeito do Rio, e marcou Doria no Twitter.  O governador de São Paulo disse que, mesmo com doses extras, faltam vacinas no estado porque o Ministério da Saúde não entregou doses prometidas.

“Incompetência do Gov. Federal! 11.2 milhões de vacinas estocadas e ñ distribuem. Prefeitura de São Paulo segue padrão de todo o país: estado recebe doses do PNI e distribui p/ municípios. Aqui compramos doses extras e ainda assim falta, pq ñ recebemos doses prometidas pelo Min. Saúde”, publicou Doria.

Veja os tweets:

Justiça

Além disso, em coletiva de imprensa nesta quarta, o governador João Dória (PSDB) que o Ministério da Saúde ainda deve 228 mil doses de vacinas da Pfizer ao estado de São Paulo. O governador afirmou que vai acionar a Justiça para garantir as doses.

“Nós tentamos evitar a judicialização deste tema, conversei duas vezes com o ministro Marcelo Queiroga, para demonstrar a boa vontade do estado, para receber as doses faltantes. O ministro garantiu que assim seria feito. Ou uma coisa ou outra: o ministro não tem palavra ou sua palavra não vale no Ministério da Saúde”, disse Doria durante coletiva de imprensa.

Na noite da última segunda-feira (9/8), Queiroga disse ao Metrópoles que as doses faltantes seriam entregues: “Sobre as doses da Pfizer que foram retidas ao ministério a título de compensação, entendemos nas próximas pautas devolver as doses a São Paulo”.

O secretário da Saúde, Jean Gorinchteyn, explicou que recebeu um novo lote da Pfizer na noite da última terça-feira (10/8), referente ao cronograma de entrega desta semana. Nesta entrega, de acordo com o secretário, o Ministério da Saúde deveria ter enviado parte das doses faltantes da semana passada, mas não o fez. Gorinchteyn voltou a negar a afirmação de Queiroga de que São Paulo estaria devendo doses de vacina, porque teria ficado com um volume maior que o devido de Coronavac.

“Em nenhum momento, São Paulo entendeu dever algo ao Ministério da Saúde, e principalmente ao Programa Nacional de Imunização (PNI). Fomos surpreendidos de forma abrupta com a diminuição das doses, foi desta forma que começamos as tratativas, dissemos que havia discordância com aquilo que era dito pela equipe técnica do Ministério da Saúde, e que ele deveria recompor estas doses para dar continuidade na vacinação de São Paulo. Entendemos que nós receberíamos o acréscimo de doses nesta última pauta de entrega”, falou.

Entenda o impasse

Na semana passada, o governo de São Paulo disse ter recebido menos doses da Pfizer do que deveria do Ministério da Saúde, o que gerou uma nova crise entre o estado e o governo federal. Desde então, os dois lados trocam acusações e o impasse ainda não tem previsão de ser resolvido, e o governo paulista não descarta acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) caso o diálogo não seja suficiente.

Tudo começou em 3 de agosto deste ano, quando o estado de São Paulo recebeu uma remessa da Pfizer dentro do Programa Nacional de Imunização (PNI). Normalmente, o estado recebe em torno de 20% a 22% das doses distribuídas no país, devido ao tamanho de sua população. Só que, nesta entrega, recebeu cerca de 10%.

No dia seguinte, o governador João Doria (PSDB) disse, em sua tradicional coletiva de imprensa às quartas-feiras, que o Ministério da Saúde deixou de entregar 228 mil doses de vacinas da Pfizer contra Covid-19 ao estado de São Paulo. Na ocasião, Doria fez duras críticas ao governo federal e acusou o Ministério da Saúde de ferir o pacto federativo.

O Ministério da Saúde reagiu, e convocou uma coletiva para o mesmo dia. Técnicos da pasta disseram que “não houve prejuízo” ao estado de São Paulo com um envio menor de doses da Pfizer, e acusou o governo paulista de ter ficado com doses a mais da Coronavac. Por isso, a entrega reduzida da Pfizer seria uma compensação.

Doria chamou a acusação de mentirosa, e a partir dali, o governador e o ministro Marcelo Queiroga seguiram trocando acusações, tanto em falas à imprensa quanto pelo Twitter.

O clima piorou quando, na quinta-feira (5/8), o governo paulista anunciou que iria ajuizar ação na Justiça para cobrar as doses faltantes. Até o momento, isso não se concretizou. Queiroga disse que a judicialização era “um direito”, mas entendeu não ser o melhor caminho.

Foi só na sexta-feira (6/8) que o estado e o governo federal decidiram sentar à mesa para conversar. A pedido de Doria, o secretário estadual de saúde, Jean Gorintcheyn foi até Brasília, onde se reuniu com Queiroga. Na reunião, as partes não chegaram a um consenso: o Ministério da Saúde diz que o estado de São Paulo está “devendo” as vacinas que pegou a mais do Instituto Butantan. Já São Paulo nega esse cálculo, e diz que eventuais excessos na distribuição ao estado que ocorreram no passado já foram resolvidas em entregas anteriores.

Foi acertado que as áreas técnicas do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde de São Paulo irão analisar os dados para “chegar a um denominador comum”, segundo Gorintcheyn. Na última segunda-feira (9/8), Queiroga disse que iria entregar as doses faltantes de Pfizer para São Paulo.

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