Doria sobre Bolsonaro apontar fraude em vacinação da mãe: “Absurdo”
Na quinta-feira, o presidente alegou que enfermeiro fraudou cartão de vacinação da mãe, para indicar que ela teria tomado Coronavac
atualizado
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Em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (19/2), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que é “absurda” a acusação feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que o cartão de vacinação da mãe dele foi fraudado após imunização contra a Covid-19.
“Considero um absurdo uma colocação como essa. Tivemos essa notícia não pelo sistema de saúde, mas pela imprensa. Não estamos preocupados se as pessoas estão tomando vacinas do Butantan ou da AstraZeneca. Não estamos preocupados se familiares do presidente tomam essa ou aquela vacina. Importante é que todos tomem vacinas. Isso nos preocupa: que todos tenham acesso às vacinas”, declarou Doria.
Em live realizada na noite de quinta-feira, o presidente confirmou que a mãe foi vacinada, mas afirmou que o imunizante recebido foi o desenvolvido pela Universidade de Oxford/AstraZeneca. Segundo ele, um enfermeiro falsificou o cartão de vacinação, informando que ela havia sido vacinada com a Coronavac.
Dona Olinda Bolsonaro, de 93 anos, recebeu o imunizante contra Covid-19 no dia 12 de fevereiro, em casa, na região central de Eldorado (SP), no Vale do Ribeira.
Para Doria, foi criada uma polêmica desnecessária, o que aparenta desejo de estigmatizar uma vacina.
“É totalmente desnecessária essa polêmica. É só na cabeça de uma pessoa como o presidente Jair Bolsonaro. O importante é que a mãe dele foi vacinada, como todas pessoas acima de 85 anos estão sendo vacinadas. As vacinas são boas. Temos que vacinar. Essa devia ser a preocupação do presidente. Não recomendar cloroquina, recomendar aglomerações, intimidar quem usa máscara chamando de maricas ou intimidar pessoas com mais de 60 anos, que ficam em casa, chamando de covardes. Espero que ele siga exemplo da mãe e tome vacina, seja ela qual for”, afirmou.
O governador também elogiou as vacinas disponíveis e defendeu que o país precisa adquirir mais imunizantes para garantir a cobertura da população.
Disputa política
Desde que começou a ser desenvolvida e propagada pelo governo paulista, a Coronavac é posta em dúvida pelo chefe do Executivo federal. Em mais um episódio de antagonismo com o governador de São Paulo, possível adversário nas eleições de 2022, o mandatário do país disse que o governo federal não iria adquirir “a vacina chinesa de João Doria”.
Em novembro, o titular do Palácio do Planalto comemorou quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu os estudos clínicos da vacina Coronavac, após a morte de um voluntário. “Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, escreveu o presidente, em resposta a um seguidor no Facebook. Horas depois, foi divulgado que a interrupção dos testes não tinha ligação com o imunizante, pois o voluntário havia se suicidado.
Apesar das falas de Bolsonaro questionando a eficácia do imunizante, o governo federal já comprou 100 milhões de doses e emitiu ofício de intenção de compra de mais 30 milhões.