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São Paulo – José Carlos Alves de Souza, 71, dono do tradicional Ponto Chic, de São Paulo, morreu de Covid-19 no domingo (28/2). O empresário estava no comando do restaurante desde 1978, quando ele e o pai, Antônio Alves de Souza, 90, compraram a marca.
Inaugurado em 1922, o Ponto Chic se tornou é conhecido pelo lanche bauru, cuja receita tem mais de 80 anos. O restaurante tem quatro lojas, nos bairros Paissandu, Perdizes, Paraíso e no e Brooklin.
“Ele amava São Paulo. Amava o Ponto Chic e seus colaboradores. Seu legado continuará vivo”, disse ao Metrópoles Rodrigo Alves, filho de José Carlos e proprietário da rede.
José Carlos Alves de Souza estava internado na UTI do hospital São Camilo, na capital paulista, e deixa dois filhos, quatro netos e a esposa.
Segundo Rodrigo Alves, o empresário foi contaminado em Franca, no interior paulista, onde esteve por alguns dias no sítio da família. Na ocasião, José Carlos soube que o pai, Antonio Alves de Souza, 90 anos, havia testado positivo para a doença e começou a apresentar os primeiros sintomas.
Ambos vieram juntos para São Paulo e José Carlos foi o acompanhante do pai durante mais de uma semana de internação, no começo de fevereiro, no Hospital São Camilo, na zona oeste da capital. Antonio se recuperou após uma semana e hoje segue o tratamento em casa. José Carlos, no entanto, passou a ter sintomas logo nos primeiros dias de hospital e não resistiu.
“Foi em Franca, quando ele ficou de acompanhante do meu avô. Já tem gente entrando para detonar o Ponto Chic nas redes dizendo que lá não é seguro. Difícil isso essa hora”, ressaltou.
Em 30 de janeiro, Rodrigo Alves anunciou que manteria o estabelecimento aberto mesmo com as restrições impostas pelo governo de São Paulo. Pelas redes sociais, o empresário escreveu que abriria as lojas “pela dignidade, pela vida, pelos empregos.”
Em outro post, ele também criticou o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, por ter ido à final da Libertadores, no Maracanã. “Bruno Covas no estádio aglomerando e nós aqui fechados? Alguém pode explicar? Por que a lei só vale pra gente que quer salvar vidas e empregos?”, escreveu.
Rodrigo Alves diz que a decisão de abrir uma das lojas da marca no dia 30 de janeiro foi um ato isolado e único.
“Foi um ato isolado, de indignação e desespero. Nosso setor vive a pior crise de sua história, com pouco apoio das autoridades, sejam elas municipais, estaduais ou federais. Nós respeitamos todos os protocolos contra a Covid-19 e seguimos respeitando em nossas lojas mantendo todos nossos clientes e colaboradores seguros. Definitivamente, restaurantes que cumprem as normas sanitários não são pontos de contágio”, disse em nota enviada ao Metrópoles.