Dono de guincho sobre destroços de avião em MG: “Cena de catástrofe”
Amadeu Alexandre chegou ao local do acidente de Marília Mendonça 27 horas depois e diz ter visto algo semelhante ao rescaldo de um furacão
atualizado
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Rio de Janeiro – O trabalho mais difícil e importante da vida profissional de Amadeu Alexandre, de 55 anos, dono de uma empresa de guincho e socorro de emergência, foi a retirada dos destroços do avião em que morreu a cantora Marília Mendonça, de 26 anos, na tarde de sexta-feira (5/11). Segundo ele, 27 horas após a queda da aeronave, que vitimou outras quatro pessoas, o cenário era semelhante ao rescaldo de um furação ou de um avião abatido em uma guerra.
“Estava tudo destruído. Não tinha uma parte ou um canto pior que outro. Era cenário de catástrofe, tudo bastante difícil de ver e entender. Muito impactante, muito emocionante chegar ao local e ver o que aconteceu ali. Ainda mais para mim, que ainda tinha a missão de retirar todo aquele material do local, sem causar nenhum dano a mais à fuselagem do avião”, conta Amadeu ao Metrópoles.
Ele conta que não encontrou nenhum item pessoal dos passageiros, mas que, ao olhar para os escombros, se emocionou com as histórias das pessoas que morreram na tragédia. Todo o material foi retirado e já saiu de Piedade de Caratinga, na região leste de Minas. A fuselagem está a caminho da base aérea do Galeão, no Rio, onde ficará sob a guarda do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
Ainda de acordo com Amadeu, a principal dificuldade na retirada dos destroços foi a quantidade de lodo nas pedras onde o avião caiu, uma cachoeira no Córrego do Lage, a cerca de 500 metros de onde o avião pousaria com a equipe da cantora, que faria um show na cidade. Parte do grupo já estava em Caratinga, após viajar de carro de Goiás para Minas.
“Foi um trabalho muito difícil, intenso e minucioso, ainda mais com toda a repercussão do caso e com os aspectos legais de se resgatar e transportar destroços que serão periciados e não podem sofrer alterações pós-acidente”, completa Amadeu, que, com sua equipe de oito pessoas, retirou seis toneladas de destroços, com apoio de dois caminhões. “A cena era diferente da que se via na TV. Não era mais um avião o que encontrei naquelas pedras”, disse.
Ainda segundo o empresário, um dos motores se desprendeu e foi lançado a cerca de 300 metros, numa região íngreme e escorregadia. “O caminhão não chegava até lá. Tivemos que ir com a caminhonete e amarrar os homens em cordas, como um corrimão, para que tivessem segurança ao retirar as peças, sem cair na cachoeira”, conta.
A Polícia Civil de Minas Gerais apura as responsabilidades do acidente a acompanhou a retirada dos restos da aeronave, assim como técnicos do Cenipa. O delegado Ivo Sales aguarda resultado de exame pericial para confirmar se um cabo encontrado enrolado à hélice seria de uma torre de transmissão de energia da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).
Enquanto a fuselagem está a caminho do Rio, os motores estão sendo levados para Sorocaba, em São Paulo, onde ficarão disponíveis para exames na empresa Pratt Whitney Canada do Brasil. “Não deixamos nada no local além do que era dali mesmo. Só tem natureza lá”, garante.
Acidente
O avião com Marília Mendonça e equipe decolou na sexta-feira (5/11) em Goiânia, com destino a Caratinga, em Minas Gerais, onde a cantora se apresentaria naquele dia. Já bem próxima à pista de pouso, a aeronave teria se chocado com uma torre de transmissão elétrica e caiu em uma área de cachoeira.
Além da artista, estavam no avião o tio e assessor Abiceli Silveira Dias Filho, 43 anos; o produtor Henrique Ribeiro, 32; o piloto Geraldo Martins de Medeiros Júnior, 56; e o copiloto Tarciso Pessoa Viana, 37. Todos morreram.