Doméstica, mãe de Miguel consta como servidora em cidade onde patrão é prefeito
Mirtes era empregada na casa do prefeito de Tamandaré, mas foi posta como comissionada da prefeitura. Miguel, 5, caiu do 9º andar e morreu
atualizado
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Mirtes Renata Santana de Souza, mãe do menino Miguel Otávio, de apenas 5 anos, morto ao cair do 9º andar de um prédio em Recife (PE), na última terça-feira (02/06), trabalha de fato, como ficou claro na cobertura jornalística da tragédia, como empregada doméstica de Sari Corte Real e Sergio Hacker na capital pernambucana. Uma consulta ao Portal da Transparência de Pernambuco, porém, mostra que ela está registrada como servidora em Tamandaré, cidade onde Hacker, do PSB, é prefeito e fica a 100 km de Recife.
Seu cargo é de Gerente de Divisão na manutenção das “atividades de administração”, uma função comissionada, que só pode ser concedida pelo prefeito ou por seus secretários. Embora a função seja de chefia, o salário bruto é praticamente igual ao mínimo, R$ 1.093,62.
Veja imagens do Portal da Transparência de Pernambuco que mostram o vínculo:
A carga horária registrada no sistema é de “0 horas”, mas isso parece ser um erro, pois todos os servidores comissionados da cidade, inclusive secretários, também constam com a carga horária zerada no documento.
Suspeita de fraude
O registro aponta para uma suspeita de fraude. Em dia de semana, portanto de expediente na prefeitura, Mirtes trabalhava como empregada doméstica na casa do prefeito na capital, a 100 km de Tamandaré.
Não é possível definir se a própria Mirtes sabe da situação, ou se foi pressionada a aceitá-la. O fato é que não seria a primeira vez que um político usa um cargo público para remunerar um empregado doméstico.
A reportagem ainda não conseguiu contato com os envolvidos para comentar o caso, mas o espaço segue aberto.
A data de admissão da servidora no serviço público municipal da cidade litorânea é 1º de fevereiro de 2017, um mês após seu patrão ter tomado posse como prefeito.