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Dois dias após Bolsonaro, Mauro Cid depõe à PF sobre vacinas e em meio a polêmicas de rachadinha

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro também terá de se explicar sobre movimentações financeiras do ex-presidente e atos golpistas de 8/1

atualizado

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Imagem colorida do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de jair Bolsonaro
1 de 1 Imagem colorida do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de jair Bolsonaro - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

Preso desde o último dia 3 de maio, o tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), prestará depoimento na sede da Polícia Federal no início da tarde desta quinta-feira (18/5). Ele deve ser questionado principalmente sobre a acusação de fraudes nos cartões de vacina dele mesmo, de sua família, e de Bolsonaro e da filha de 11 anos do ex-presidente. Outros assuntos espinhosos, provavelmente, estarão na pauta, como movimentações financeiras dos antigos ocupantes do Palácio da Alvorada e os atos golpistas de 8 de janeiro.

As suspeitas de caixa 2 e de “rachadinha” com recurso do Planalto envolvendo o coronel Cid e Michelle Bolsonaro foram reveladas no início do ano, nas reportagens O caixa 2 de Jair Bolsonaro no Planalto e Segredos do Alvorada, dos repórteres Rodrigo Rangel e Sarah Teófilo, do Metrópoles.

Cid será confrontado com as provas colhidas pela PF, de que ele teria participado ativamente em um esquema de adulteração de dados de vacinação contra a Covid-19 para gerar certificados falsos para ele mesmo e seus familiares, além de Bolsonaro e sua filha.

O depoimento de Bolsonaro na PF sobre o mesmo tema, dois dias antes, aumentou a pressão sobre Cid, pois seu ex-chefe negou responsabilidade ou mesmo conhecimento sobre o suposto esquema de fraude, e disse que o militar era o único responsável pela gestão de seu aplicativo ConectSUS, do Ministério da Saúde, que foi acessado no período em que continha dados falsos sobre vacinação.

Há grande expectativa sobre o que Mauro Cid dirá aos investigadores, porque há sinais de que a estratégia jurídica de Bolsonaro é jogar eventuais responsabilidades em cima do ex-ajudante de ordens e, assim, blindar o seu ex-chefe.

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Mauro Cid filma live de Bolsonaro quando era ajudante de ordens da Presidência
Bolsonaro e seu ajudante de ordens à época do governo
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Cid foi ajudante de ordens de Bolsonaro

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Troca

Essa estratégia ficou clara em entrevista do primeiro advogado contratado por Cid, Rodrigo Roca, que trabalha para a família Bolsonaro e tratou de tentar livrar o ex-presidente dos fatos investigados desde o primeiro momento. O episódio não foi bem digerido pela família de Cid, cujo pai é general da reserva do Exército, e Roca acabou trocado pelos advogados Bruno Buonicore e Bernardo Fenelon, este último especializado em delações premiadas.

Pessoas próximas ao ex-ajudante de ordens indicam que ele pode vir a admitir ter fraudado os cartões de vacina de si e de sua família com a justificativa de poder viajar a trabalho e de férias sem ter de tomar um imunizante no qual não confia. O que ele dirá sobre Bolsonaro, porém, é um mistério.

A admissão de culpa no caso também será a estratégia de outro dos presos, o capitão da reserva do Exército Sérgio Cordeiro, ex-assessor de Bolsonaro e outro dos seis presos na operação de 3 de maio. Segundo o colunista Guilherme Amado, do Metrópoles, Cordeiro pretende confessar ao Ministério Público Federal o crime de adulteração do cartão de vacina, fechando um acordo de não persecução penal, válido para crimes sem violência e com pena baixa.

O que mais pesa contra Mauro Cid

A PF concluiu a perícia feita no celular apreendido com Mauro Cid no início do mês e o conteúdo de mensagens e áudios encontrados no aparelho e na nuvem deverá ser usado no depoimento desta quinta. Esse conteúdo possivelmente fará com que Cid tenha de responder sobre mais questões, como áudios e mensagens a respeito de supostos planos dos militares próximos a Bolsonaro para realizar um golpe de Estado e prender o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Os peritos encontraram trocas de mensagens entre Mauro Cid e o ex-major do Exército Ailton Gomes, que foi candidato pelo PL a deputado estadual no Rio de Janeiro em 2022 e, durante a campanha, apresentava-se como “01 do Bolsonaro”.

Segundo a investigação, Ailton Gomes se dispôs a “incitar grupos de manifestantes para aderirem a pautas antidemocráticas no interesse do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, havendo fortes indícios de que o referido investigado, além de ter proximidade com o ex-ajudante de Ordens Mauro Cid, também teria um contato direto com o ex-presidente”.

Datado de 15 de dezembro, um dos áudios mostra Barros dizendo a Cid: “É o seguinte: entre hoje e amanhã, sexta-feira, tem que continuar pressionando o Freire Gomes [então comandante do Exército] para que ele faça o que tem que fazer. Até amanhã à tarde, ele aderindo, bem, ele faça um pronunciamento, então, posicionando-se dessa maneira, para defesa do povo brasileiro. E, se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa. Que você viu, né? Está abalada em todo o Brasil”.

A PF também encontrou conversas entre Mauro Cid e assessores que revelaram orientação para o pagamento em dinheiro vivo das despesas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Por fim, Cid está envolvido nas tentativas de recuperar as joias enviadas pelos governantes da Arábia Saudita ao casal Bolsonaro e que foram retidas pela Receita Federal.

O depoimento

Fontes inteiradas na investigação disseram ao Metrópoles que o depoimento de Mauro Cid deve começar por volta das 14h30 desta quinta. A íntegra do que ele disser pode ser divulgada ao público logo ao final do depoimento, como aconteceu com Bolsonaro.

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