Do auge à queda: os bastidores da exoneração de Ricardo Vélez
O professor que foi anunciado como o futuro da educação no Brasil caiu de forma apressada e com exoneração anunciada por redes sociais
atualizado
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O ministro da Educação, Ricardo Vélez, foi exonerado nesta segunda-feira (8/4). Próximo ao escritor Olavo de Carvalho, espécie de guru do bolsonarismo, o ex-ministro foi alçado ao cargo por sua defesa de pautas consideradas conservadoras, como o projeto Escola sem Partido, que agradava tanto ao presidente quanto à bancada evangélica.
Antes de sua queda, porém, Olavo já havia se distanciado do ministro. O escritor chegou a dizer, pelas redes sociais, que não iria lamentar se o titular da Educação fosse demitido. Também os evangélicos já haviam demonstrado insatisfação com a condução da pasta, que é dona de um dos maiores orçamentos da Esplanada.
Se a queda só foi concretizada nesta segunda, a fritura do ministro, porém, começou há algum tempo, antes do presidente Jair Bolsonaro (PSL) viajar à Israel. Após desmentir a informação, divulgada por uma jornalista, de que o titular de Educação cairia, Bolsonaro comentou que iria se encontrar com o ex-ministro para negociar quando voltasse ao Brasil.
Em café da manhã com jornalistas, na última sexta-feira (5), O presidente sinalizou a demissão do ministro e, no domingo (7), disse que nesta segunda resolveria a situação, que terminou na exoneração.
A manhã da queda
A agenda do presidente Bolsonaro amanheceu sem nenhum compromisso marcado com Vélez, apesar da expectativa, nutrida por ele mesmo, de uma definição para esta segunda. A agenda de Vélez, igualmente, não registrava compromissos com o presidente.
Os dois se encontraram, porém, por volta das 10h no Palácio do Planalto. No horário, Bolsonaro tinha uma reunião marcada com o secretário especial do esporte do Ministério da Cidadania, Marco Aurélio Vieira.
Antes das 11h, Vélez já tinha saído do Planalto, mas não retornou ao MEC. O ex-ministro foi visto saindo da Presidência com um carro comum, não um dos veículos oficiais usados por ministros de Estado.
Na reunião, o ministro foi avisado da decisão do governo. A demora, segundo aliados de Bolsonaro, se deu pelo fato de que havia a expectativa no governo de que Vélez pediria a demissão, o que não ocorreu. O anúncio foi divulgado pela página pessoal do Twitter de Bolsonaro, 1h após o encontro.
Comunico a todos a indicação do Professor Abraham Weintraub ao cargo de Ministro da Educação. Abraham é doutor, professor universitário e possui ampla experiência em gestão e o conhecimento necessário para a pasta. Aproveito para agradecer ao Prof. Velez pelos serviços prestados.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 8 de abril de 2019
Questionada, a assessoria de imprensa da Presidência não informou se a agenda do presidente será alterada para incluir o compromisso matinal.
Por volta das 12h30, saiu uma edição extra do Diário Oficial da União (DOU) com a exoneração de Ricardo Vélez e o anúncio de substituição do cargo pelo professor universitário Abraham Weintraub. O documento foi assinado pelo presidente e pelo ministro da Justiça, Sergio Moro. Segundo a assessoria do MEC, o ministro deixou o prédio por volta das 13h30.