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Divididos, professores universitários temem não ter reajuste em 2025

Acordo do governo foi assinado só com uma categoria de professores e está na Justiça. Lula vai receber reitores na próxima semana

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Fabio Teixeira/Anadolu Agency via Getty Images
Imagem colorida de protesto feito por professores em greve por exigir regulamentação do nível de remuneração do ensino nacional para todos os níveis, no Rio de Janeiro, Brasil, em 21 de junho de 2023 - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de protesto feito por professores em greve por exigir regulamentação do nível de remuneração do ensino nacional para todos os níveis, no Rio de Janeiro, Brasil, em 21 de junho de 2023 - Metrópoles - Foto: Fabio Teixeira/Anadolu Agency via Getty Images

Professores universitários que assinaram o acordo com o governo federal temem que ele não seja efetivado e a categoria fique sem reajuste em 2025. O Termo de Acordo foi assinado em 27 de maio entre o governo Lula (PT) e a Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes), ante discordâncias do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), que ficou de fora.

Representantes do Andes se reuniram com o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI) na última segunda-feira (3/6), ocasião em que o governo voltou a afirmar que não há mais possibilidade de negociar novas propostas, em função da restrição orçamentária. Havia expectativa, por parte do governo, de que o Andes assinasse o acordo após consulta às bases, mas o sindicato manteve posição firme ao exigir alguma correção ainda em 2024.

O governo prevê reajuste em duas parcelas: 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026, além da reestruturação na progressão entre os diferentes níveis da carreira. O acordo terá impacto fiscal de R$ 6,2 bilhões em dois anos.

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Para o presidente da Proifes-Federação, Wellington Dias, o documento assinado foi “o melhor do pior”. “Nós sabemos dos limites orçamentários, sabemos da questão da dívida pública, sabemos das grandes dificuldades que o governo vai ter por causa dos acontecimentos trágicos do Rio Grande do Sul, que terão impacto no PIB, certamente”, disse Dias.

Por outro lado, Gustavo Seferian, presidente do Andes, acusou o governo Lula de promover negociação “antidemocrática” e criticou a atuação dos ministros da Educação e da área econômica. O Andes acusa a Proifes de baixa representatividade, em torno de 15% das universidades e institutos federais.

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A proposta do Andes é de reajuste salarial em 3,69%, em agosto de 2024; 9%; em janeiro de 2025; e 5,16%, em maio de 2026. Porém, o MGI afirma não ter mais espaço no orçamento para dar o aumento neste ano, em que o governo aperta os cintos para fechar as contas.

Em 2024, foi concedido para todos os servidores do Executivo federal um reajuste nos benefícios (auxílio-alimentação, per capita da saúde complementar e assistência pré-escolar).

O MGI tem dito que permanece aberto para diálogo sobre pautas não-salariais com o magistério em outras instâncias, como em reunião da Mesa Setorial agendada para 14 de junho.

Judicialização

O Andes tenta cancelar o acordo assinado pela Proifes por meio de uma ação na justiça que pede sua anulação. A ação foi aceita pela 3ª Vara Federal de Sergipe e, agora, a Proifes entrou com um agravo para suspender a decisão. Por enquanto, o governo joga parado, aguardando o resultado da ação.

Nesse cenário, a recomposição em 2025 fica ameaçada porque o julgamento deve ocorrer até o prazo orçamentário do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2025, que se encerra em breve. O governo federal só pode prever reajuste se houver Termo de Acordo assinado com a categoria, quadro que não se verifica com o acordo suspenso.

“O Andes resolveu apostar no nada. E agora, tem sobre suas costas a irresponsabilidade de mais uma decisão que impacta de forma negativa a vida de milhares de docentes Brasil afora, disse a Proifes, em nota.

A Proifes ressalta, ainda, que foi a responsável pela assinatura dos últimos acordos firmados com o governo federal, em 2012 e em 2015, os quais o Andes não assinou. Em 2012, o acordo elevou os salários de docentes do novo Magistério Federal e da carreira do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT). Em 2015, foi feita reestruturação plena das carreiras docentes.

Lula com reitores

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá se reunir com reitores das universidades federais e dos institutos federais (IFs) na próxima segunda-feira (10/6). A agenda, que ocorreria nesta quinta-feira (6/6), foi remarcada em função da viagem do presidente ao Sul.

Metrópoles apurou que possíveis temas da reunião com reitores são: greve e negociação do reajuste salarial dos professores de universidades e institutos federais, além dos repasses do governo para o ensino superior, como nas áreas de pesquisa, ensino e estrutura.

O encontro ocorrerá dias após a greve de professores universitários ter completado 50 dias, na última terça-feira (4/6). Levantamento do Andes aponta que estão em greve pouco mais de 50 universidades federais (o número vem diminuindo nos últimos dias, conforme universidades fazem assembleias).

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“Estamos à disposição para ajudar a construir os consensos possíveis. Todos nós temos interesse que essa greve termine o mais rápido possível. É um momento difícil para o país e para o governo”, afirmou a reitora da Universidade de Brasília (UnB) e presidente da Andifes, Márcia Abrahão.

O governo Lula sofre pressão da área da educação superior, que constantemente reclama da falta de ações, projetos e repasses para as instituições públicas de ensino superior. Além do reajuste e da reestruturação da carreira, eles pedem que haja mais investimento nas universidades e nos IFs — sob o argumento da falta de recursos para desenvolver pesquisas e até manter os locais de ensino abertos.

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