DivertidaMente: post do BC sobre gastos é visto como indireta a Lula

De carona no filme DivertidaMente 2, uma publicação do Banco Central (BC), publicada nesta terça-feira (25/6), soou como uma indireta ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o controle dos gastos públicos. Nos comentários, os internautas identificaram o destino da indireta.

O post no feed de uma rede social apresenta uma montagem com duas figuras, ambas do filme. Na primeira aparece a frase “Aaaah, uma nova emoção!”, com expressão de susto de uma das protagonistas.

Na parte inferior da montagem a expressão é de frustração, com a frase “Oi, eu sou a vontade de gastar sem poder”. Nela aparece a personagem com um cartão nas mãos.

Além da imagem, a postagem do Banco Central vem acompanhada de um texto que diz ser necessário manter o controle das emoções ao realizar compras e evitar ser impulsivo. “Antes de comprar, pergunte-se se realmente precisa do item.”

Na sequência, a orientação é ter um planejamento para as despesas. “Planejar suas finanças permite identificar prioridades, economizar e evitar dívidas”. Ao final, o banco se coloca como uma fonte de informações para orientar decisões financeiras.

“Quer mais dicas sobre como tomar decisões financeiras mais seguras e eficazes? Acesse https://www.bcb.gov.br/cidadaniafinanceira.”

Quatro horas após a publicação, havia 276 comentários. Usuários da rede social entenderam a publicação como uma provocação ao governo federal. “Tem que marcar o governo federal aqui, né”, diz um deles. Outro diz “Indireta para o governo né. Quem pegou o código”, ironiza.

Relação

A relação que é feita entre a publicação na rede social e a possível disputa entre a instituição e o governo federal tem a ver com críticas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Completam o contexto, as pontuações do BC sobre as despesas públicas, que aparecem em comunicados e atas de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Em um dos episódios recentes, Lula fez ataques duros a Campos Neto por causa da taxa básica de juros, a Selic. Em uma entrevista para a Rádio CBN, Lula chegou a dizer que Campos Neto teria “rabo preso a compromissos políticos”.

“Nós vamos repetir o (Sergio) Moro? O presidente do BC está disposto a fazer o mesmo papel que o Moro fez? Com o rabo preso a compromissos políticos?”, disparou Lula ao levantar a hipótese de que Campos Neto poderia ter compromissos com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (PR).

A última reunião do Copom, na quarta-feira (19/6), presidido por Campos Neto, encerrou o ciclo de redução da Selic. O evento foi precedido pela elevação do tom de Lula contra o presidente do BC. O índice foi mantido em 10,5%.

A ata do Copom que justificou a decisão pontuou vários fatores internos e externos, mas também destacou ser importante o controle dos gastos públicos. “O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária.”

Em outro trecho, o Copom reforça a necessidade de que o governo conquiste credibilidade ao compromisso fiscal e é duro sobre a posição do colegiado. “O Comitê não se furtará de seu compromisso com o atingimento da meta de inflação.”