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Diretor-geral de Itaipu prevê queda da tarifa em 2027 para US$ 12

Enio Verri, diretor-geral brasileiro da Itaipu, prevê queda “substancial” na tarifa em 2027. Taxa estipulada de 2024 a 2026 é de US$ 16,71

atualizado

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Presidente de Itaipu
1 de 1 Presidente de Itaipu - Foto: Reprodução/YouTube

O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Enio Verri, estimou que a tarifa da energia produzida pela hidrelétrica poderá ser de US$ 12 em 2027. A fala foi feita em entrevista exclusiva ao Metrópoles. O preço final para o consumidor “tende a cair”, segundo Verri.

Em maio, um acordo entre os governos do Brasil e do Paraguai estabeleceu uma tarifa de US$ 16,71 kW/mês para o lado brasileiro — a mesma cobrada em 2023 — e de US$ 19,28 por KW/mês para o lado paraguaio. Os valores valerão para os anos de 2024, 2025 e 2026.

O Paraguai historicamente tem um apetite por tarifas mais altas, e o Brasil conseguiu construir um acordo para aplicar até 2026 um número inferior ao demandado pelo país vizinho, que pleiteava tarifa de US$ 22,70 kW/mês.

A partir de 2027, incidirão na tarifa apenas os custos de operação, sem as faturas da construção da usina, que foram quitadas em fevereiro deste ano.

Verri explicou que, à medida que a dívida para construção da usina foi diminuindo, e por pressão do Paraguai, era acrescido à fórmula um percentual, para financiamento do país.

Veja entrevista abaixo:


Por ser uma empresa binacional, o Brasil tem direito a 50% da energia produzida pela hidrelétrica, enquanto a outra metade fica com o Paraguai. Como não consome essa totalidade, o país vizinho vende o excedente (hoje em 35%) para o governo brasileiro, conforme estipulado pelo Tratado de Itaipu

Uma mudança no tratado que ainda precisa ser aprovada pelos dois Legislativos vai permitir ao Paraguai a venda da energia excedente de Itaipu a que tem direito para a iniciativa privada, em especial o setor industrial, que consome muito.

Vai haver mais oferta de energia no Brasil. Com isso, o preço tende a cair e, ao mesmo tempo, não vai ficar brigando com a parte brasileira pedindo uma tarifa alta, porque o que vai determinar a tarifa da parte paraguaia é o mercado. Consequentemente, nós vamos poder aplicar o preço de custo, que hoje seria em torno de US$ 12. Portanto, nós temos condições de crer que em 2027 a tarifa de Itaipu caia de US$ 16,71 para em torno de US$ 12, que é uma queda substancial”, disse Verri.

“Como o Paraguai não vai mais vender para o governo brasileiro, vai vender para o mercado, ele não vai mais brigar pela tarifa”, explicou o diretor-geral brasileiro.

Ele completou: “A gente vai usar a fórmula tradicional. Então, não vai ter essa briga por uma tarifa mais alta, pelo interesse do Paraguai. Com isso, a gente vai usar a fórmula chamada Cuse [Custo Unitário dos Serviços de Eletricidade]. E essa fórmula hoje, nesse momento ficaria em torno de US$ 11. E, digamos que você queira US$ 1 a mais para fazer investimento ambiental. US$ 12 seria um valor bom.

Verri, no entanto, salientou que a Itaipu não produz toda a energia produzida no país, apenas 10% do total. Portanto, se houver uma redução, por exemplo, de 40% na tarifa do consumidor, isso vai resultar, no bolso do consumidor em 10% dos 40%, portanto, 4%.

“É importante destacar isso, senão a população fica esperando: Puxa, era US$ 20, caiu para US$ 16, caiu para US$ 11, mas a minha conta veio só 3%, 4% de desconto. Por quê?Porque a Itaipu não produz a energia do país”, explicou.

Interferência política

Verri minimizou a possibilidade de mudanças no acordo, em função do quadro político nos dois países. “Sobre a tarifa, é pouco provável [que haja mudança], porque é um tratado de altas partes, como nós chamamos. O Ministério das Relações Exteriores dos dois países que fecharam esse acordo de tarifa e os tratados são respeitados indiferente de qual o governo da hora. Então, no que se refere às tarifas, não creio que poderá ocorrer mudanças”, argumentou.

Já no que diz respeito à gestão, ele avaliou que podem haver alterações, e citou estudos do governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL) para privatização de setores da usina. Particularmente, eu acho uma loucura. Uma empresa que é o backup da economia brasileira, que tem um papel estratégico, sendo privada, imagine o preço da tarifa que vai quando precisarem. A tarifa vai lá em cima. Então, o governo da hora pode mudar, sim, o planejamento”.

“Claro que nós temos um planejamento que não leva em conta a eleição ou reeleição do presidente Lula. Isso é da democracia. Isso não há o que discutir. Mas nós temos um planejamento estratégico para fazer de Itaipu tudo isso que eu lhe respondi anteriormente, sempre sendo uma empresa 100% pública, tanto pública paraguaia como brasileira”, pontuou.

Em 2026, ocorrerão eleições gerais no Brasil e o país poderá ter continuidade, com eventual reeleição de Lula (PT), ou um novo presidente a partir de 2027. Já o Paraguai elegeu Santiago Peña em 2023, com mandato por cinco anos (até meados de 2028).

Itaipu 50 anos

A Itaipu Binacional completou 50 anos de sua fundação no último dia 17 de maio. Em 2024, a usina também celebra 40 anos desde o início da produção. Nesse ínterim, já atingiu os 3 bilhões de megawatts-hora de energia acumulada, o que representa um recorde entre todas as hidrelétricas no mundo.

Com 20 unidades geradoras e 14 mil MW de potência instalada, a Itaipu é líder mundial na geração de energia limpa e renovável. Em 2023, foi responsável por cerca de 10% do suprimento de eletricidade do Brasil e 88% do Paraguai.

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