Diretor de escola em SP é alvo de representação no MPSP por LGBTfobia
Em palestra para responsáveis, Daniel Belucci Contro disse que “homossexuais e criminosos se organizaram para atacar valores tradicionais”
atualizado
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O diretor do Colégio Liceu Jardim, em Santo André, no ABC paulista, é alvo de uma representação protocolada no Ministério Público de São Paulo (MPSP) por declarações consideradas LGBTfóbicas em uma palestra para responsáveis de estudantes da escola. O documento foi protocolado pelo vereador de Santo André Ricardo Alvarez e pelo deputado federal Ivan Valente, ambos do PSol.
Os parlamentares tiveram acesso a áudios de falas de Daniel Belluci Contro durante o encontro, que aconteceu em 3/11. Em um trecho, Contro disse que a “união de ciganos, homossexuais, criminosos (PCC, crime organizado) se organizaram para atacar os valores da sociedade tradicional judaico cristã”.
Ele prosseguiu: “Não existe homossexualismo (sic) no Oriente. Putin e o discurso nacional dele se posicionando contra a ideologia de gênero. China não permite a existência dos homossexuais. Oriente Médio, islã não tolera. O Ocidente entrou nessa, que é o projeto da escola de Frankfurt, destruir os valores ocidentais. Enfraquecendo e destruindo a família ficaria tudo mais fácil para fazer a revolução. A família transmite os valores, a propriedade”.
Nesta passagem, Contro usou a palavra “homossexualismo”. Porém, o termo é considerado incorreto, pois a terminação “ismo” se relaciona, de modo geral, a doenças.
A representação pede que o diretor seja intimado para prestar esclarecimentos e investigado por “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. Os parlamentares também querem que o diretor seja condenado a pagar uma indenização por danos morais, cujo valor seria direcionado a entidades que defendem os direitos da população LGBTQIA+.
“O Sr. Daniel Belluci Contro, ao atacar a livre manifestação da orientação sexual e identidade de gênero, afirmando que pode-se gerar prejuízo às crianças e adolescentes e a “destruição da família”, pratica uma provocação e valoração negativa da população LGBTQIA+ como um todo, colocando-os como má influência ou criminosos perigosos (ligados ao PCC). Isso se configura incontestavelmente como prática e incitação do preconceito e da discriminação contra a população LGBTQIA+, logo, conduta criminosa”, escreveram o vereador e o deputado na representação.
O vereador Ricardo Alvarez também enviou um requerimento à Mesa Diretora da Câmara Municipal de Santo André com informações sobre a representação, além de pedidos para que outros órgãos sejam notificados.
Em nota, o MPSP informou que a promotora criminal de Santo André, Selma Iamani Bastos Pereira, recebeu a representação na terça-feira (9/11) e está analisando os documentos e informações.
O Metrópoles procurou Daniel Belluci Contro por meio do Colégio Liceu Jardim, mas ainda não obteve retorno. O espaço está aberto.