“Ciclo de luto sem fim”, escreve irmã nos mil dias da morte de Marielle
Fundadora do Instituto Marielle Franco diz ser possível, hoje, “transformar a dor em força para seguir”
atualizado
Compartilhar notícia
A professora Anielle Franco, irmã da ex-vereadora Marielle Franco (PSol-RJ), assassinada em março de 2018 no Rio de Janeiro ao lado do motorista Anderson Gomes, disse que a luta pelos direitos humanos vai seguir “cada vez mais viva até que ponhamos um ponto final nesse ciclo de luto sem fim”.
A mensagem foi publicada nesta terça-feira (8/12), data em que a morte de Marielle Franco completa 1 mil dias – ainda com várias perguntas a serem respondidas, como “quem mandou matar a vereadora?” –, no jornal O Globo (leia aqui a íntegra do artigo).
Diretora executiva do Instituto Marielle Franco, Anielle relata que passou por fases da negação, raiva e depressão após o assassinato da irmã, mas, hoje, após quase três anos do atentado, é “possível transformar a dor em força para seguir”.
“Nesses 1 mil dias, pressionamos para que não federalizassem as investigações, participamos de inúmeras reuniões com autoridades, ocupamos as ruas, não paramos de cobrar respostas”, escreveu Anielle, no artigo.
A professora questiona, no entanto, como “você se sente ao saber nas últimas semanas que várias das parlamentares eleitas comprometidas com a Agenda Marielle foram ameaçadas de morte e até agora não tiveram sua proteção garantida pelo estado?”
“Ao saber que Emily e Rebeca, as duas meninas de 4 e 7 anos assassinadas na porta de casa eram de famílias atendidas pelas nossas parceiras no projeto de combate à fome no Covid? Ao ver que mil dias depois ainda não há as respostas sobre quem mandou matar minha irmã?”, prossegue.
“Por Marielle, por Anderson [Gomes, motorista assassinado junto à vereadora], por Emily, por Rebeca, pelas 22 crianças baleadas neste ano no Rio, nossa luta seguirá cada vez mais viva até que ponhamos um ponto final nesse ciclo de luto sem fim”, finaliza.