“Choque”: laudos reforçam tortura em intervenção militar no RJ
Laudo do IML confirma “alterações psicológicas” em seis das sete pessoas presas. “Deram choque na minha perna”, disse uma vítima
atualizado
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Novos laudos apontam que sete jovens presos foram torturados por soldados em operação do Exército na Vila da Penha (RJ). O caso teria ocorrido em agosto do ano passado. Na ocasião, o estado do Rio estava sob intervenção federal.
“Dentro do camburão deram choque na minha perna”, disse uma vítima. “Um dava madeirada, e outro dava de fio. Queriam que eu ‘arriasse’ minha calças para botar madeira”, contou outra, em entrevista ao Fantástico.
Uma mãe ainda relatou que o “rapaz do Exército” colocou o filho deitado no chão e urinou em cima dele. Traumatizado, o garoto teria ficado dias sem dormir.
Três dos sete jovens tinham passagem pela polícia. Quando foram apresentados à Justiça, dois dias depois da prisão, apresentavam ferimentos.
“As alterações psicológicas apresentadas pelo periciado são altamente compatíveis com aquelas apresentadas por pessoas que passaram por situações de estresse psicológico agudo, nelas incluídas a tortura”, confirma laudo do IML.
Ao Fantástico, o Exército alegou que não comenta casos sob responsabilidade da Justiça Militar. O Ministério Público Militar, por sua vez, afirmou ter pedido os novos laudos, mas não os teria recebido até então.
“Cabia aos soldados, identificando uma situação de flagrância, prender as pessoas e levar imediatamente para a audiência de custódia, mas não foi isso que aconteceu”, disse o defensor público André Castro.