Brasil pouco avançou em políticas públicas para LGBT, diz Jean Wyllys
No programa “Espaço Público”, da TV Brasil, o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) disse que isso se deve aos sucessivos governos de coalizão, compostos por forças muito conservadoras
atualizado
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Houve avanços no reconhecimento da luta de lésbicas, gays e transsexuais contra homofobia e por inserção social nos governos dos últimos três presidentes do país, mas pouco se avançou no Brasil em termos de políticas públicas voltadas a essa parcela da população, disse o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), em entrevista ao programa “Espaço Público”, da TV Brasil.
Para o deputado, apesar de os governos dos presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente afastada Dilma Rousseff terem avançado na abertura do diálogo com a comunidade LGBT, essa aproximação não resultou em uma atuação efetiva.
“Efetivamente pouco se avançou em termos de políticas públicas, porque eram governos de coalizão, compostos por forças muito conservadoras”, disse Wyllys durante a entrevista, que foi ao ar na noite de terça-feira (17/5), Dia Internacional de Combate à LGBTfobia.
“Nenhuma democracia pode se considerar uma democracia se direitos de gays, lésbicas e transsexuais não forem observados e promovidos de alguma maneira, se houver discriminação jurídica, se as leis não protegerem os direitos desses cidadãos”, afirmou o deputado.
Wyllys destacou que, no Brasil, a homofobia se apresenta de diversas formas. “Tem muita gente que acha que homofobia só existe quando se mata um homossexual. A homofobia tem muitas expressões. A mais comum delas é a homofobia social, aquela que é praticada por quase todo mundo. Aquela praticada pelo pai ou pela mãe quando diz que não quer ter um filho gay, que prefere ter um filho bandido do que ter um filho gay, aquela praticada pelo patrão quando demite o empregado quando ele assume sua homossexualidade, ou praticado pelas escolas, por exemplo, em relação aos alunos. E não é porque ela não se expressa como uma violencia dura, ela não ofende, não ofende”, disse.
Agenda conservadora
Para Wyllys, que foi um dos mais ferrenhos opositores ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o governo do presidente interino Michel Temer tampouco sinaliza progressos em relação ao tema da diversidade sexual.
Ele citou como exemplo o fato de o atual ministro da Saúde, Ricardo Barros, há poucos dias no cargo, ter se reunido com a psicóloga Marisa Lobo, que defende que homossexuais recebam tratamento para se “curar”.
Na avaliação de Wyllys, “o atual governo é contrário à agenda da diversidade sexual, não tem apreço por essa agenda e as figuras contrárias à agenda LGBT se encontram empoderadas agora”.
Jean Wyllys disse acreditar que os partidos de esquerda no Brasil precisam dialogar mais para que não voltem a sofrer reveses como os observados nos últimos tempos. Ele criticou o que chamou de “política de conciliação” do PT com esferas mais conservadoras da sociedade, o que, segundo o deputado, teria sido desvantajoso ao campo progressista. Como exemplo, ele citou a democratização da comunicação.