Bachelet deve ser a nova alta comissária para direitos humanos da ONU
Ex-presidente do Chile foi diretora do ONU-Mulheres. Seu nome terá que ser aprovado pela Assembleia Geral da entidade internacional
atualizado
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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, escolheu a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet para ser a próxima chefe de direitos humanos na organização. O posto de alto nível é, muitas vezes, controverso, disseram diplomatas nesta quarta-feira (8/7), na condição de anonimato, visto não ter sido feito ainda anúncio oficial sobre a indicação da chilena.
O nome que ocupará o Alto Comissariado para os Direitos Humanos deve ser confirmado pela Assembleia Geral da ONU. O porta-voz da organização, Farhan Haq, disse não poder confirmar ainda a seleção de Bachelet, mas afirmou que “o processo está chegando ao fim” e esperar “um nome enviado em breve”.
Bachelet foi pioneira em direitos humanos e das mulheres. Ela foi a primeira mulher a presidir o Chile, de 2006 a 2010. Depois disso, o ex-secretário geral da ONU Ban Ki-moon a escolheu como primeira chefe da ONU Mulheres, criada em 2010 e fruto da combinação de quatro órgãos que lidam com igualdade de gênero e avanço das mulheres. Em 2013, Bachelet retornou ao Chile para concorrer à presidência novamente: elegeu-se e exerceu o segundo mandato de 2014 a 2018.
Se confirmada como chefe de Direitos Humanos, nomeação dada como praticamente certa, ela substituirá Zeid Ra’ad Al-Hussein, diplomata jordaniano e membro da família real de seu país. O mandato do atual chefe terminará no próximo dia 31.
Em entrevista na semana passada, Zeid reiterou suas críticas aos abusos em diversos países, desde Mianmar e Hungria até Estados Unidos e Síria, insistindo que o Alto Comissariado “não envergonha os governos, eles (governos) se envergonham”.
Em seu trabalho como alto comissário da ONU, Zeid disse “silêncio não confere respeito” a ninguém. Também afirmou que dará ao sucessor o mesmo conselho recebido de seu antecessor, Navi Pillay: “Seja justo e não discrimine nenhum país.”
História de luta
Bachelet, uma mãe solteira socialista que foi presa durante a ditadura de Augusto Pinochet, tornou-se pediatra e política. “Se escolhida, Bachelet assumirá um dos trabalhos mais difíceis do mundo, em um momento no qual os direitos humanos estão sob ataque generalizado”, disse o diretor-executivo da Human Rights Watch, Kenneth Roth.
“Como uma vítima, ela traz uma perspectiva única ao papel sobre a importância de uma defesa vigorosa dos direitos humanos”, afirmou Roth. “Pessoas por todo o mundo vão depender dela”, acrescentou o especialista.