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Após ameaças à jornalista, evento em SC quer debater ódio na internet

Organização do evento em Jaraguá do Sul mudou programação após Míriam Leitão ter sido ameaçada

atualizado

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Leo Aversa/Divulgação
miriam leitão
1 de 1 miriam leitão - Foto: Leo Aversa/Divulgação

A organização da 13.ª edição da Feira do Livro de Jaraguá do Sul (SC), informou nesta quarta-feira (17/07/2019) que, após o cancelamento da participação da jornalista Miriam Leitão e do sociólogo Sérgio Abranches no evento por causa de ameaças, será proposta uma mesa de debate sobre “ódio em tempos de internet”.

“Começamos a receber mensagens, e mensagens pesadas, que não dá nem para repetir”, afirmou o coordenador artístico do evento, Carlos Henrique Schroeder. “Me senti envergonhado de ter de anunciar esse cancelamento, mas, diante do conteúdo das ameaças, a prudência falou mais alto. Relutei, tive vontade de bancar a vinda deles, mas melhor assim do que ter um evento marcado por sangue. Estamos estudando uma substituição na programação e pensamos em fazer uma mesa para debater o ódio em tempos de internet”, disse.

Schroeder atribuiu as ameaças a simpatizantes bolsonaristas e disse que, diferentemente da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), no Rio, que reuniu um grupo reduzido de manifestantes contrários à participação do jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, “aqui seria diferente, seria uma multidão deles”.

O evento será realizado entre 8 e 18 de agosto, na cidade do norte catarinense. O tema será Literatura em Movimento. “Só não deixei a coordenação do evento porque, se não houver feira, é uma vitória para eles”, afirmou Schroeder.

O conselho do evento é formado por cinco integrantes. Após análise da situação, foi decidida, por três votos a dois, a suspensão dos convites feitos a Miriam e a Abranches. Ao comentar sobre o assunto em sua coluna diária na rádio CBN, a jornalista classificou as manifestações como “intolerantes”.

O cancelamento foi anunciado na terça-feira (16/07/2019) um dia após o evento divulgar a programação deste ano. A “pressão” contra a participação da jornalista e do sociólogo começou na tarde de segunda-feira. Em seguida, foi criada uma petição online que recolheu 3.294 assinaturas. Além da mobilização nas redes, os organizadores relataram as ameaças, o que, segundo eles, motivou o cancelamento.

“Plural”
Em nota, a organização da feira de Jaraguá do Sul afirmou que “nunca, em toda sua história, a festa da literatura foi atacada pela escolha de seus convidados”. “A feira do livro, em suas 12 edições, sempre foi marcada por ser um evento plural, que promove o conhecimento por meio da literatura, teatro, música e artes visuais. Reiterando, a Feira do Livro é, e sempre foi, um evento de difusão do livro e da leitura, sem fins políticos, religiosos ou ideológicos”, diz o comunicado.

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