Diplomata critica possível fechamento da embaixada na Venezuela
Paulo Roberto de Almeida alerta para sinais de que o Brasil quer uma solução militar contra o país de Nicolás Maduro
atualizado
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O embaixador Paulo Roberto de Almeida postou no Facebook um alerta para as consequências negativas para o Brasil do fechamento da embaixada em Caracas. “É a primeira vez em dois séculos”, escreveu, que o Itamaraty “abandona a diplomacia”.
A decisão de remover diplomatas e funcionários da representação na capital da Venezuela foi publicada no Diário Oficial da União na quinta-feira (05/03/2020). O governo brasileiro também quer a saída dos diplomatas venezuelanos de Brasília.
Diplomata experiente, ainda na ativa, Almeida foi demitido em março de 2019 pelo chanceler Ernesto Araújo da direção do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (Ibri), cargo que ocupava desde agosto de 2016. A decisão foi tomada por causa de artigos críticos à política externa do governo do presidente Jair Bolsonaro, particularmente em relação à Venezuela, reproduzidos em seu blog pessoal.
Agora, Almeida volta ao assunto ao comentar artigo publicado neste sábado (07/03/2020) no jornal O Globo pelo professor de relações internacionais Felippe Silva Ramos. No texto, o acadêmico aponta o risco de isolamento do Brasil em relação ao país vizinho caso a embaixada seja, de fato, fechada. Uma das consequências, avalia Ramos, seria a incapacidade do Itamaraty de acompanhar o desenrolar dos fatos, tanto da parte do governo do presidente Nicolás Maduro quanto da oposição, liderada por Juan Guaidó.
Ao apresentar o artigo do professor, Almeida faz uma reflexão sobre os propósitos do governo brasileiro ao remover diplomatas e funcionários de Caracas: “A menos que a intenção não seja realmente atuar diplomaticamente, e sim por outras vias clausewitzianas”, escreveu o ex-diretor do Ibri referindo-se a Carl von Clausewitz, militar prussiano nascido no final do século 18, reconhecido como grande estrategista de guerra.
Ou seja, Almeida teme que o Brasil abandone a diplomacia e opte pelo caminho militar contra a Venezuela