“Agradecemos a todos os países que aprovaram a resolução, agradecemos ao Brasil”, disse o encarregado, em entrevista coletiva na Embaixada da Ucrânia em Brasília na tarde desta Quarta-Feira de Cinzas. “Mas precisamos de mais sanções para realmente levar os russos a recuar”, cobrou o diplomata.
Anatoliy Tkach solicitou que o governo brasileiro corte relações comerciais com a Rússia. “E, se não for possível a nível estatal, que as empresas brasileiras sigam o exemplo de companhias como a Netflix e deixem de oferecer seus serviços à Rússia. É uma pressão que pode ser efetiva”, disse o representante da entidade, que evitou reclamar diretamente da posição ambígua do Brasil, que condena a Rússia em sua diplomacia, mas tem no presidente Jair Bolsonaro (PL) um defensor da “neutralidade” frente ao conflito.
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território
AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo
Após três dias de uma rara reunião emergencial, a ONU aprovou resolução contra a Rússia e seu presidente, Vladimir Putin, pela invasão e pelos bombardeios na Ucrânia. Dos 193 países, 141 votaram a favor, cinco contra e 35 se abstiveram. Eram necessários dois terços para a aprovação.
Dessa forma, portanto, a decisão foi esmagadora contra os russos. O documento, feito conjuntamente por 94 países, aponta que a ONU “deplora fortemente a agressão da Federação Russa contra a Ucrânia”. O Brasil votou contra os russos, mas não participou da construção da resolução.
A ONU demanda que a Rússia interrompa imediatamente os ataques e retire total e incondicionalmente as forças militares do território ucraniano.
Juridicamente, a resolução não é vinculativa: somente expressa o posicionamento oficial da ONU. O objetivo é subir a pressão sobre Moscou, e também Belarus, que tem se aliado aos russos. É esperado, agora, que as sanções contra a nação comandada por Vladimir Putin aumentem.
No sexto dia de ataques, Kiev, capital e coração do poder, e Kharkiv, segunda maior cidade ucraniana, estão sob forte bombardeio. Civis foram alvejados pelas tropas russas.
De acordo com o diplomata ucraniano no Brasil, dois mil civis já morreram na guerra.