Dino sobre terra Yanomami: “Impossível prender 15 mil garimpeiros”
Ministro da Justiça comentou sobre retirada de garimpeiros em terra Yanomami e a necessidade de alternativa para moradores da região
atualizado
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Ao comentar a situação sobre o garimpo ilegal de ouro em território Yanomami, em Roraima, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, rebateu a criticas sobre o motivo de todos os garimpeiros que haviam invadido a terra não terem sido presos.
“Há um impulso. Eu, às vezes, sou até cobrado. ‘Por que a gente não prendeu os 15 mil garimpeiros?’. Nós não prendemos os 15 mil garimpeiros porque era impossível prender 15 mil garimpeiros. Ponto. É isso”, resumiu Dino.
A declaração do ministro foi dada durante um painel do banco BTG Pactual, em São Paulo, nesta quarta-feira (15/2), ao lado do ex-ministro da Justiça Nelson Jobim.
O ministro comparou a situação vivida em Roraima com a prisão de mais de 1 mil pessoas após os atos golpistas de 8 de janeiro, quando houve a invasão dos Três Poderes. “Foi uma operação difícil. A maior prisão em flagrante da história do direito brasileiro”, lembrou..
Flávio Dino, então, explicou que o foco tem sido a investigação sobre quem financia o garimpo ilegal em Roraima e quem lava o ouro para que pareça legalizado. “Isso inclusive é importante para quem faz mineração dentro da lei”, apontou.
Equipes da Polícia Federal, das Forças Armadas e da Força Nacional realizam uma operação de desintrusão, em Roraima, que é a retirada de invasores do território indígena Yanomami. Isso acontece em meio a uma força-tarefa do Governo Federal diante da situação de emergência em saúde dos indígenas da região.
Vulnerabilidade
Ainda ao comentar a situação em Roraima, Dino foi questionado sobre a vulnerabilidade da população não-indígena na região Norte. Nelson Jobim inclusive defendeu que a população foi empurrada para o garimpo ilegal por não ter outras alternativas econômicas na região.
Sobre isso, Dino acolheu a fala de Nelson Jobim e defendeu a necessidade de uma política que contemple a população estimada de 30 milhões de pessoas em regiões da floresta Amazônica.
“Você não vai prender 15 mil pessoas e o grande problema é para onde essas pessoas irão. Nós estamos falando de 30 milhões de brasileiros e brasileiras que lá se encontram. Uma visão puramente santuarista da Amazônia não responde a essa necessidade óbvia de você ter efetivamente a sustentabilidade como algo tangível para o cidadão e cidadã da Amazônia”, discursou.
Segundo ele, é inútil fazer planos ou assinar documentos internacionais, “se isso não se traduzir em benefícios sociais concretos a esses 30 milhões de brasileiros e brasileiras”.