Dino descarta intervenção no Rio, mas avalia envio de Forças Armadas
O ministro Flávio Dino, da Justiça, disse ter discutido com Lula o emprego das Forças Armadas “em algumas áreas” do Rio de Janeiro
atualizado
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Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou nesta terça-feira (24/10) que não existe “base constitucional” para uma intervenção federal no Rio de Janeiro. Dino se manifestou após uma segunda-feira (23/10) de caos na capital, com 35 ônibus incendiados como reação à morte do sobrinho de um miliciano.
“Precisa de completa anomia e ausência do governo, coisa que não está configurada. Não há esse estudo, esse debate, e não teria base constitucional para a intervenção federal”, afirmou Dino, que ressaltou a ampliação da presença da Força Nacional no estado, com 300 agentes e 86 viaturas mobilizadas no Rio.
O ministro contou ter apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a sugestão de reforçar a segurança pública do Rio com as Forças Armadas “em algumas áreas”. Dino afirmou aguardar para saber como se deu a reunião do petista com o ministro da Defesa, José Múcio, sobre o tema.
“É impossível substituir o trabalho dos estados, estamos complementando e debatendo o tema da participação das Forças Armadas em algumas áreas”, disse Dino.
Além da Força Nacional, os efetivos da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal no Rio também foram ampliados. O ministro disse ter um grupo de 20 policiais civis de outros estados trabalhando na investigação de facções criminosas do Rio.
Dino viajará nos dias 26 e 27 de outubro para Assunção, no Paraguai, e enviou o segundo em comando no Ministério, o secretário Ricardo Cappelli, para fazer um “diagnóstico” na capital fluminense.
Cappelli disse se tratar de uma situação “muito grave” e de “clara ameaça à autoridade do Estado”.
Sobrinho de miliciano morto no Rio
Matheus da Silva Rezende, mais conhecido como “Faustão” ou “Teteu”, era sobrinho do miliciano Luís Antônio da Silva Braga, o “Zinho”. Faustão morreu durante confronto com policiais na comunidade de Três Pontes, em Santa Cruz, também na zona oeste da cidade.
De acordo com apurações do Metrópoles com fontes de inteligência e com o histórico de investigações oficiais, Zinho lidera a milícia tem o apelido dele no nome, o Bonde do Zinho. A origem do grupo se deu após um processo que envolve a participação de familiares e trocas de comando em regiões dominadas pela milícia.
Ataques no Rio causam prejuízo milionário
Conforme o sindicato das empresas de ônibus da cidade do Rio de Janeiro, a Rio Ônibus, essa segunda foi o dia com maior número de veículos destruídos da história da capital. A entidade estima que o prejuízo do ataque aos coletivos possa chegar a R$ 35 milhões.
Na segunda, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), confirmou a prisão de 12 criminosos suspeitos de atear fogo nos ônibus. “Eles já estão presos por ações terroristas e, como terroristas, estarão sendo encaminhados para presídios federais”, explicou o governador.