Dinheiro acabou? Saiba como renegociar dívidas e empréstimos na crise
Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), o número de endividados em junho atingiu o percentual mais alto da história
atualizado
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A pandemia do novo coronavírus teve impacto direto na vida dos brasileiros e atingiu em cheio a renda familiar e de empresas. O cenário não é favorável para aqueles que não têm uma reserva de emergência. Nessas horas, é preciso recorrer a empresas de crédito e instituições financeiras, que têm se mostrado receptivas às propostas de renegociação.
De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o número de pessoas com dívidas em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro atingiu o percentual mais alto da história no mês de junho. São 67,1% das famílias brasileiras endividadas. Afinal, o que fazer na hora de renegociar?
O advogado especializado em Direito do Consumidor Victor Cerri explica que, na teoria, todos os débitos podem ser negociados. “O consumidor pode postergar o pagamento, desde que tenha um argumento razoável e factível para isso, não só a pandemia. Apesar de a crise ter causado um grave problema econômico para vários setores, em outros ela estimulou o crescimento. Não se pode esperar que os bancos saiam aleatoriamente concedendo descontos”, disse.
Cerri adverte que, independentemente do tipo de dívida, a pessoa deve se precaver para pagar aquilo que se comprometeu na data do vencimento. “Isso acontece com cheques, empréstimos, crédito consignado, carnê. É importante não deixar acumular juros e multas e que vire uma bola de neve”, argumentou.
O que fazer?
Para a bancária Ana Lúcia Soares, é necessário evitar gastos supérfluos e grandes aquisições durante esse momento de crise. “Faça um levantamento de quanto você deve e para quem deve. Entre em contato com os credores, aproveite para apurar junto com o valor de cada dívida, os juros e o Custo Efetivo Total – CET”, explicou
O CET é um valor percentual, expresso na forma anual (% a.a.) e representa a soma dos custos cobrados na contratação de um empréstimo ou financiamento. São eles: taxa de juros, tributo (IOF), tarifa (TAC), entre outras despesas.
“Se você tem mais de uma dívida, tente priorizar as que possuem as maiores taxas de juros. Aproveite a redução da Selic e se organize. Outra sugestão é trocar dívidas de cheque especial e cartão de crédito por linhas mais baratas, como por exemplo o empréstimo consignado. É sempre importante avaliar o CET de todas as linhas para decidir qual será mais vantajosa para você”, informou Ana Lúcia.
Tipos de dívidas
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de junho aponta que o cartão de crédito segue, em primeiro lugar, entre os principais tipo de dívida. O percentual chegou a 76,1% de famílias em débito.
“Se você não pagar a fatura total do cartão, pode-se parcelar a diferença e evitar o crédito rotativo. Muitas pessoas acabam pagando apenas o mínimo, o que significa que entram no rotativo com juros muito elevados. Os bancos já oferecem a opção de parcelamento na fatura caso você não possa pagar tudo. Este parcelamento é a melhor decisão”, aconselhou Carlos Castro, planejador financeiro da Planejar.
Já os financiamentos, segundo Castro, devem ser negociados diretamente com as instituições financeiras. “A redução do CET é a melhor opção. Porém, há também a alternativa de reduzir o valor da parcela com o alongamento da dívida”, explicou o especialista.
“No caso dos empréstimos, procure trocar dívidas mais caras por mais baratas. Um CDC (crédito direto ao consumidor) pode ser trocado por um crédito consignado que tem juros mais baixos. Ou seja, você pode tomar um crédito consignado, quitar a dívida CDC e assim ficar com parcelas menores da nova dívida”, ressaltou.
Na visão do planejador, se o devedor possui um bem quitado, como um imóvel, ele pode refinanciá-lo na modalidade Home Equity e com este crédito quitar a dívida de maior custo. “Os juros de dívidas que têm uma garantia como o imóvel são um dos mais baixos, exatamente porque há a garantia do bem para o banco caso o tomador do crédito não pague a dívida”, falou Castro.
Veja dicas para diminuir as dívidas na crise:
- Converse com a família;
- Saiba o valor total das dívidas;
- Evite gastos desnecessários e supérfluos;
- Busque uma renda extra;
- Venda o que puder;
- Controle o fluxo de dinheiro;
- Faça um orçamento;
- Priorize dívidas com juros mais altos;
- Evite dívidas que financiem o consumo.