Em primeira mão: documentário sobre DJ Celsão será lançado em janeiro
Sob a coordenação do cineasta Marcelo Emmanuel, alunos da Escola Livre de Cinema Social Cine Brazza finalizam filme. Metrópoles teve acesso exclusivo a um trecho
atualizado
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Morto aos 52 anos, em 4 de outubro, o DJ Celsão, ícone da black music do Distrito Federal, ganha preciosa homenagem em janeiro de 2016. Produzido por alunos da Escola Livre de Cinema Social Cine Brazza, o documentário “Celsão – De Braços Abertos” passeia pela trajetória artística e pessoal do músico.
O filme reúne registros escritos e audiovisuais, além de relatos de familiares, amigos e personalidades da cultura negra. Não houve tempo para a gravação da entrevista com artista, que morreu pouco antes do encontro marcado com os estudantes. Com exclusividade, o Metrópoles recebeu autorização para divulgar um trecho da obra.
Inaugurada há dois anos pelo cineasta Marcelo Emmanuel, a Escola Livre de Cinema Social Cine Brazza oferece aulas gratuitas de audiovisual para jovens moradores das cidades do DF. A ideia é desenvolver temas que agucem o olhar dos participantes para questões que se relacionam com o cotidiano. Intolerância racial, desrespeito à mulher e preconceito contra os moradores de periferias são alguns dos temas em pauta.A escolha do DJ Celsão, um ídolo de gerações de negros, reforça essa preocupação.
Queremos fugir das películas comerciais e apostar num cinema que forma cidadãos críticos
Marcelo Emmanuel
Projeto social
A iniciativa de Marcelo Emmanuel surgiu do grupo de estudos Sequência 19, que reunia diversos integrantes de movimentos sociais da capital. Eles ofereciam oficinas de cinema em escolas públicas do DF e, lá, perceberam que havia um grande número de jovens que tinham o sonho de se tornarem cineastas. “Sabíamos que montar oficinas era pouco e começamos a buscar formas de tornar possível o crescimento do projeto”, explica.
Dessa forma, Marcelo Emmanuel conseguiu o apoio da ONG Evolução Projetos Sociais para transformar as oficinas em uma escola, financiando o espaço – localizado na 914 Norte – e os equipamentos necessários para a formação dos alunos (câmeras, computadores e outros materiais).
Dividido em dois módulos, o curso atende até 50 alunos, conta com encontros semanais e tem duração total de nove meses. Ao fim das aulas, os jovens concluem um longa-metragem de ficção ou documentário e ainda recebem um certificado. Os interessados em participar das aulas devem se inscrever pelo grupo de Facebook que leva o nome da escola. Os principais critérios de escolha são a situação econômica, o local de moradia e o interesse em fazer o curso até o final. “Antes, quando a entrada era livre, a escola tinha um grande número de evasões – somente 20% dos participantes concluíam as aulas. Hoje, com a seleção, ao menos metade da turma recebe o certificado”, contabiliza Emmanuel.
O cineasta-bombeiro
A instituição leva o nome de Brazza em homenagem ao cineasta-bombeiro Afonso Brazza. Mestre do cinema trash, ele atuava ao lado de sua esposa Claudette Joubert nos filmes em que assinava também a direção, o roteiro e as técnicas de efeitos especiais. Vítima de um câncer, morreu em 2003, mas mostrou ser bastante presente no cotidiano dos novos cineastas da escola.
Era um profissional que saía do lugar-comum ao produzir seus filmes. Assim como nossos alunos.
Marcelo Emmanuel
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