“Devia ser inconstitucional grupo de família”, brinca Moraes
Em palestra, o ministro explicou como as redes sociais podem servir de palco para a propagação de fake news e ataques à democracia
atualizado
Compartilhar notícia
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, próximo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), voltou a criticar a disseminação de ódio e de notícias falsas por redes sociais. O ministro ressaltou que o processo de checagem da veracidade de notícias é papel de cada cidadão e que isso pode ser feito a partir do acesso de veículos de comunicação com credibilidade.
Moraes participou de palestra promovida pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), em São Paulo, e fez um preâmbulo de como a rede de desinformação se formou na sociedade atual. Para ele, o movimento teve início nos Estados Unidos e cresceu ao longo da última década.
“Houve toda uma estruturação nas redes sociais. Uma estruturação para atacar os três grandes pilares do estado democrático de direito. Os ataques são à liberdade de imprensa, eleições livres e periódicas e independência do Poder Judiciário” afirmou.
Ao citar o filósofo Norberto Bobbio, Alexandre de Moraes ressaltou: “As redes sociais deram vozes aos imbecis (como já dizia Bobbio) e isso ataca a liberdade de imprensa. A imprensa séria, necessária, tem sua comunicação relativizada”, disse.
O grupo de família
Nesse contexto, Moraes analisou como uma notícia falsa se espalha facilmente pela internet. Nesse momento da palestra, o ministro do STF citou os grupos de família nos quais notícias sem checagem são repassadas e tomadas como verdade. “Devia ser inconstitucional grupo de família. A gente recebe um monte de notícia falsa sendo divulgada. E se optamos em sair do grupo, é uma crise danada”, brincou.
Fake news
Ainda no mesmo evento, Alexandre de Moraes, ressaltou que não vai arquivar o inquérito das fake news. Ele acredita que as investigações estão levando aos financiadores da desinformação. Afirmou ainda que “liberdade de expressão não é liberdade de agressão”.
“A desinformação é tanta que até a imprensa tradicional repete fake news. Hoje, saiu uma notícia dizendo: ‘Supremo quer arquivar inquérito das fake news’. Isso é uma fake news. O Supremo não arquivar inquérito das fake news nenhum, porque estamos chegando, no momento, em todos os financiadores,” disse.
Veja a palestra na íntegra:
As declarações, no entanto, foram dadas no momento em que há embates a respeito do deputado Daniel Silveira (PTB), que recebeu indulto do presidente Jair Bolsonaro (PL) após ser condenado por atos antidemocráticos.
“Não é possível defender volta de um ato institucional número cinco, o AI-5, que garantia tortura de pessoas, morte de pessoas. O fechamento do Congresso, do Poder Judiciário. Ora, nós não estamos em uma selva. Liberdade de expressão não é liberdade de agressão”, pontuou o ministro durante palestra na 1º Semana Acadêmica do Centro Acadêmico Fundação Armando Alvares Penteado.
Moraes falou muito sobre desinformação. Segundo o magistrado, a desinformação tem como uma das finalidades “a tomada do poder”. “Tomada de poder não democrática, tomada de poder autoritária, sem controle, sem limite”, disse aos estudantes. Pontuou ainda que outro objetivo é ganhar dinheiro: “Pessoas estão enriquecendo com isso”. E frisou: “Nós temos que combater a desinformação”.