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Devedor contumaz: secretário defende que lista só inclua “bandidos”

Projeto do devedor contumaz vai prever que as confederações tenham poder de veto contra a inclusão de empresas na lista

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Igo Estrela/Metrópoles
homem com traços orientais e óculos olha para baixo Secretário da Receita Federal Robinson Barreirinhas - Metrópoles
1 de 1 homem com traços orientais e óculos olha para baixo Secretário da Receita Federal Robinson Barreirinhas - Metrópoles - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

O secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, defendeu nesta terça-feira (27/8) a um grupo de parlamentares o Projeto de Lei (PL) nº 15/2024, do chamado devedor contumaz. O projeto foi proposto pelo Poder Executivo em fevereiro, e está em análise pela Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados.

Barreirinhas voltou a dizer que a ideia é punir apenas o “mau contribuinte”, isto é, o empresário que usa a inadimplência como estratégia de negócio e age de má-fé. A categoria inclui 1,1 mil empresas (0,005% dos 20 milhões de contribuintes pessoa jurídica) que devem mais de R$ 240 bilhões, segundo dados da própria Receita Federal.

Ao explicar a preocupação dos empresários com o projeto, ele afirmou que a solução encontrada foi dar às confederações o poder de veto, ou seja, de impugnar a inclusão do devedor, e a Receita não vai contestar a situação fática. “Nós estamos propondo um cadastro conjunto do poder público com o setor privado”, explicou Barreirinhas em reunião-almoço da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE).

Isso inverte o ônus para a Receita, que precisará provar que houve um crime naquela situação, com uma mercadoria roubada ou uso de um laranja, por exemplo.

Segundo o secretário especial da Receita Federal, algumas empresas são controladas pelo crime organizado. “As pessoas são vítimas do crime organizado que lava dinheiro”, alegou.

Aos parlamentares e representantes do empresariado, ele pontuou: “Eu tenho todo o interesse que essa lei seja séria no sentido de que só tenha bandido mesmo nessa lista”.

Segundo o secretário, já há um parecer da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), órgão do Ministério da Fazenda, pela regularidade dessa lista.

“Eu tinha convicção da regularidade, mas, como havia essa dúvida, eu pedi à PGFN, e ela já fez o parecer dizendo que é legal. É porque é algo diferente, que nunca foi feito”, salientou.

Quem é o devedor contumaz

O projeto do Executivo considera devedor contumaz o contribuinte que satisfaz qualquer dos seguintes requisitos:

  • débito acima de R$ 15 milhões e valor maior que o próprio patrimônio;
  • débito em dívida ativa acima de R$ 15 milhões por mais de um ano;
  • débito de mais de R$ 15 milhões e CNPJ baixada ou inapta nos últimos cinco anos.

A Receita criará um cadastro federal de devedores contumazes — uma espécie de lista com os nomes sujos — e dará um prazo para a regularização desses contribuintes, com a possibilidade de ampla defesa. Se comprovado crime contra a ordem tributária, o devedor contumaz responderá na esfera criminal, com dolo.

Parlamentares ligados ao setor empresarial se preocupam com a extensão desse enquadramento, e veem riscos de empresas em dificuldades financeiras serem consideradas devedoras contumazes.

O texto ainda cria três programas de conformidade (relativos ao cumprimento das obrigações tributárias e aduaneiras):

  1. Programa de Conformidade Cooperativa Fiscal (Confia);
  2. Programa de Estímulo à Conformidade Tributária (Sintonia); e
  3. Programa Brasileiro de Operador Econômico Autorizado (OEA).

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